Tarifas

Conta de luz deve subir 2,64% em 2025, estima Thymos Energia

Conta de luz/ Crédito: Marcos Santos (USP)
Conta de luz / Crédito: Marcos Santos (USP)

A Thymos Energia projeta um reajuste médio de 2,64% na conta de luz dos brasileiros em 2025. A estimativa é considerada moderada por Ana Paula Ferme, head de Utilities e Regulação Econômica da consultoria, principalmente devido à quitação dos empréstimos vinculados à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) no ano passado e ao repasse de créditos tributários relacionados a decisões judiciais sobre PIS e Cofins.

“É um percentual que, embora represente aumento, está dentro de uma faixa razoável, especialmente se lembrarmos de anos em que os reajustes superaram dois dígitos, chegando a até 15% em algumas regiões. Ainda assim, é importante que o consumidor fique atento: parte da redução observada agora se deve a ajustes pontuais que, por regra, acabam sendo revertidos no ano seguinte, pressionando novamente as tarifas”, alerta Ferme.

Entre os fatores que contribuíram para conter o reajuste estão os pagamentos aos empréstimos da Conta-Covid (2020) e da Conta-Escassez Hídrica (2021), tomados para evitar aumentos bruscos nas tarifas durante a pandemia e o período de seca.

Variação regional no reajuste da tarifa de energia

O reajuste médio de 2,64% considera todas as distribuidoras de energia elétrica do país, mas os índices variam conforme a região, refletindo contextos locais e operacionais distintos.

A previsão de maior alta é para a região Sul, com média de 7,16%, reflexo do apoio emergencial do Programa Nacional de Apoio aos Atingidos pelas Mudanças Climáticas (Pronamc), destinado a mitigar os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo a Thymos Energia, o suporte extraordinário impactou a comparação entre os valores de 2024 e 2025, elevando o reajuste relativo.

O Norte poderá ter elevação estimada de 4,73%, puxada por custos de distribuição, como despesas com operação e manutenção das redes, remuneração dos ativos e encargos regulatórios.

Também há previsões de crescimento no Centro-Oeste, com 2,91%, e Nordeste, em torno de 1,42%. O Sudeste, que tem tarifas historicamente mais altas do país, deverá ter o menor aumento, de apenas 1,10%.

Impacto da MP 1.300 nos reajustes de 2025

A consultoria avalia que a Medida Provisória 1.300, que traz mudanças regulatórias para o setor elétrico, não deve influenciar os reajustes tarifários de 2025 a serem homologados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A divisão dos custos da geração distribuída e dos descontos aplicados às usinas nucleares Angra I e II, por exemplo, só terão impacto nas tarifas a partir de 1º de janeiro de 2026.

No entanto, alterações na Tarifa Social de Energia Elétrica serão válidas a partir de julho. Segundo Ferme, a ampliação da tarifa social deve trazer desafios operacionais para as distribuidoras.

“Apesar de não afetar diretamente os reajustes de 2025, a mudança nas regras da tarifa social impõe desde já desafios operacionais às distribuidoras, que precisarão adaptar seus sistemas de cobrança para os consumidores elegíveis. Como os descontos passam a valer imediatamente, a CDE deve realizar os repasses às distribuidoras para cobrir essas perdas de receita. No entanto, a arrecadação correspondente – feita por meio das tarifas pagas pelos consumidores – ainda não foi atualizada, o que pode gerar um desequilíbrio temporário no fluxo de caixa da CDE”, afirmou Ana Paula Ferme.