
O leilão dos passivos do GSF, autorizado pela Medida Provisória (MP) 1.300 e em discussão em consulta pública aberta hoje, deve ser atrativo para Cemig, Engie e Auren, que têm importantes concessões de hidrelétricas vencendo nos próximos anos.
No leilão, os passivos do GSF, que hoje somam R$ 1,15 bilhão, aproximadamente, ainda protegidos por decisões judiciais, serão cedidos. Os compradores, em troca do pagamento desses valores, terão a extensão das concessões, no limite de até sete anos.
Poderão participar do leilão hidrelétricas do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) que estejam adimplentes com as obrigações junto à Câmara de Comercialização de Energia (CCEE).
Preços atrativos
De acordo com a minuta de portaria submetida à consulta, o preço de energia de referência adotado para a extensão das outorgas das hidrelétricas deve ser de R$ 230/MWh.
Segundo o Itaú BBA, o preço é “substancialmente acima” do observado em renovações de concessões recentes, como as usinas da Copel, que tiveram preço implícito calculado em R$ 173/MWh e as hidrelétricas da Eletrobras, precificadas em cerca de R$ 180/MWh, segundo os analistas do banco.
O opex de referência adotado, de R$ 96/MWh, também ficou superior ao observado nas renovações das usinas da Eletrobras, de cerca de R$ 62/MWh.
Segundo os analistas Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha, que assinam o relatório do Itaú BBA, as premissas adotadas reafirmam a percepção de que as hidrelétricas conseguem capturar preços mais altos de energia e o valor de escassez desse tipo de ativo.
Os analistas entendem que Cemig, Engie e Auren são fortes candidatas ao certame, já que têm usinas com a concessão vencendo nos próximos anos.
O relatório aponta que as usinas Emborcação e Ponte Nova, da Cemig, que representam cerca de 34% da sua capacidade, terão vencimento das concessões em 2027. No caso da Engie, vencem entre 2030 e 3032 as concessões das usinas Salto Santiago, Passo Fundo, Salto Osorio e Ita, que juntas representam 38% da capacidade. Já a Auren, depois da compra da AES Brasil, conta com concessões que somam 20% da capacidade vencendo em 2032.