COP30

COP30 deve apresentar ‘centenas de soluções’ para redução de emissões, diz Corrêa do Lago

Embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30 | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30 | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), chamada de “COP da implementação”, vai ajudar a desenvolver as tecnologias necessárias para a transição energética.

“A tecnologia evoluiu muito justamente por causa das COPs, que a cada ano vai mostrando que certos setores precisam de novas soluções. A tecnologia tem progredido de forma considerável, e a escala também tem permitido uma redução do custo”, disse o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, em evento organizado pela Associação da Imprensa Estrangeira (AIE) com participação do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

“Exemplo mais claro é o da energia solar, energia eólica e carros elétricos, que a China tomou uma liderança extraordinária. No começo, esses produtos precisavam de muitos subsídios, então só os países mais ricos que podiam fazer. A China reduziu tanto os preços que hoje esses produtos são viáveis e não precisam de qualquer tipo de subsídio”, concluiu o presidente da COP30.

A conferência deverá apresentar “centenas” de soluções para a redução das emissões de carbono em setores de difícil abatimento, como o do aço, segundo Corrêa do Lago. “E a ótima notícia é que muitas dessas soluções vêm de países em desenvolvimento e têm custo e complexidade menor do que muitas das soluções que vêm dos países desenvolvidos”, garantiu.

Ele também reforçou a ideia de que pretende fazer da COP30 uma “COP da implementação”, com a demonstração de que já há soluções, tecnologia e recursos que podem ser implementados de mediato para o enfrentamento das mudanças climáticas. Entra os objetivos da conferência no Brasil, está a elaboração de um roadmap para investimento de US$ 1,3 trilhão por ano a partir de 2035, com o objetivo de financiar projetos e infraestruturas para apoiar o enfrentamento das mudanças climáticas.

‘Lidar com fósseis é fundamental’

Corrêa do Lago comentou que o tema das energias fósseis é incontornável na COP30. “Representam cerca de 70% das emissões mundiais, então lidar com fosseis é algo que precisamos fazer na COP30”, disse o presidente da conferência no Brasil.

Também participou do encontro o presidente do IBP, Roberto Ardenghy. Ele destacou que os combustíveis fósseis, inclusive o carvão mineral, atualmente respondem por 80% da energia primária do mundo. Por isso, estes combustíveis ainda são muito importantes, e devem manter sua relevância na medida em que o consumo energético global aumentar.

“Os combustíveis fósseis entregam um serviço energético bastante relevante, barato, seguro, disponível, o que faz com que a sua resiliência seja muito grande. Além disso, é importante para várias economias mundiais”, disse Ardenghy.

Neste sentido, o presidente do IBP mencionou o conceito de ‘adição energética”, em vez de ‘transição energética’: “Apesar da entrada de combustíveis e de renováveis, os fósseis ainda vão continuar importantes”, explicou. Esta presença, entretanto, deve mudar. Uma das alterações é a redução da importância do carvão mineral, que é o mais poluente entre os fósseis. Além disso, Ardenghy avalia que óleo e gás deixarão de ser combustíveis e passarão a ser usados sobretudo no contexto industrial, como em setores petroquímicos e de fertilizantes.

O presidente do IBP também declarou que o setor de óleo e gás está comprometido em usar e desenvolver tecnologias que reduzam as emissões de carbono, como é o caso da captura e armazenamento de carbono (CCS).

As petroleiras também estariam interessadas em financiar o processo de transição energética, segundo Ardenghy. Apesar desta visão do executivo, no último ano companhias como Equinor e Shell revisaram para baixo ou paralisaram projetos de energias renováveis e hidrogênio verde.