Mercado livre

Abertura do mercado livre de energia deve gerar R$ 20 bi em investimentos, projeta Thymos

Medidor inteligente da Enel
Medidores inteligentes / Enel São Paulo (Divulgação)

A abertura total do mercado livre de energia deve destravar investimentos privados superiores a R$ 2 bilhões por ano durante dez anos. A projeção é da consultoria Thymos Energia, que avalia que os recursos trarão avanços importantes em modernização da infraestrutura e engajamento do consumidor final, ou seja, aqueles conectados a redes elétricas de baixa tensão, como os residenciais.

O cálculo de potencial de investimentos anuais considera exigências estruturais que acompanham a abertura do mercado de eletricidade no Brasil. Uma das ações necessárias é a implantação em larga escala de medidores inteligentes, tecnologia considerada essencial para a portabilidade do consumo e para gestão ativa da demanda. Outros segmentos que devem receber investimentos são os de tecnologia da informação, redes mais eficientes e ferramentas digitais que facilitem a interação do usuário com o mercado, avalia o CEO da Thymos Energia, João Carlos Mello.

Os recursos incluem diversas frentes que envolvem o funcionamento do novo mercado, como modernização de sistemas de informação e comunicação, automação das redes de distribuição, desenvolvimento de plataformas digitais de atendimento e engajamento do consumidor. “São recursos indispensáveis em camadas complementares de todo sistema, refletindo a complexidade e sofisticação do mercado. Todas essas ações são cruciais para o funcionamento deste novo ambiente que se tornará mais dinâmico, descentralizado e orientado por dados”, avalia o CEO da Thymos.

Desde janeiro de 2024, todos os consumidores de média e alta tensão já podem migrar para o mercado livre. A Medida Provisória (MP) 1.300/2025 estabelece que abertura total do mercado livre, com a inclusão dos consumidores de baixa tensão, deve começar em 2026.

Para a Thymos, a possibilidade de escolhe do fornecedor de energia por parte do consumidor requer mais transparência, controle e conectividade do sistema. “O investimento não é apenas tecnológico, mas estratégico. Trata-se de criar uma base sólida para um novo modelo de relacionamento entre empresas, consumidores e o sistema elétrico”, diz Mello. A expectativa é de que esse movimento melhore a eficiência e a qualidade do serviço prestado e estimule a inovação e a competitividade, com impactos positivos para toda a cadeia energética, reforça a empresa.

Abertura do mercado livre em outros países também demandou investimentos

A experiência internacional indica que a abertura do mercado livre de energia também fomentou investimentos robustos em outros mercados, segundo o levantamento da Thymos.

Na Austrália, ao longo de cinco anos, cerca de 3 bilhões de dólares australianos foram destinados em tecnologia no processo de abertura do mercado de eletricidade. Na Itália, o montante estimado supera 500 milhões de euros ao longo de 15 anos para a mesma finalidade. Espanha e França contabilizaram benefícios líquidos de 600 milhões a 1 bilhão de euros, considerando ganhos operacionais, combate a perdas e empoderamento do consumidor com a liberalização da eletricidade em seus territórios. No Reino Unido, a adoção de tecnologias resultou investimentos de até 7,2 bilhões de libras esterlinas em 20 anos.