COP30

Setor privado precisa se envolver mais com a COP, diz diretora-executiva

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Ana Toni | Foto:Valter Campanato/Agência Brasil
Ana Toni | Foto:Valter Campanato/Agência Brasil

Faltando menos de 100 dias para o início da 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), Ana Toni, diretora-executiva da conferência, avalia que o setor privado precisa se envolver mais. Contudo, a diretora aponta que alguns setores estão mais engajados, como o de energia.

“Alguns temas têm muito envolvimento do setor privado, como energia, alguns temas da agricultura”, disse Toni nesta segunda-feira, 4 de agosto, no evento AYA Hub no São Paulo Climate Week. Ela indicou que em outros temas dentro da agricultura também há pouco envolvimento do setor privado. Assuntos relacionados a cidades, adaptação e infraestrutura também são pouco abordados pelo setor privado, com poucas soluções trazidas, embora haja maior envolvimento de instituições públicas.

Ana Toni, que também é vice-ministra para Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima,  reconheceu a importância de eventos pré-COP, mas destacou que a presença na própria conferência é fundamental. “As COPs não são mais as duas semanas que acontecem em uma cidade. As COPs agora são um processo, sabemos que há muitos eventos acontecendo em São Paulo, no Rio de Janeiro, nos biomas”, disse.

“Mas é muito importante que o setor privado vá também a Belém, porque será lá a COP oficial. Queremos pedir o esforço de vocês e também o contato que vocês têm com setor privado de outros países”, complementou.

Apesar do apelo, Toni e o presidente da COP 30, o embaixador André Ferreira do Lago, não trataram de um dos temas mais sensíveis da conferência, que é a dificuldade de hospedagem em Belém. Diante dos preços excessivamente elevados dos leitos disponíveis, alguns grupos de países já solicitaram a mudança de local para a COP30. Na última sexta-feira, a organização da conferência liberou o acesso da plataforma oficial de hospedagem e anunciou a disponibilidade de 53 mil leitos para o evento.

‘Soluções serão diversas e contraintuitivas’

Toni e Lago também reforçaram a intenção de fazer da COP30 uma “COP da implementação”, privilegiando a ação a partir de acordos internacionais já existentes. “Temos que sair da COP com vários progressos, como foi a Rio-92. Já temos acordos e legislação internacional suficientes para saber que direção temos que tomar em praticamente todos os setores da economia”, disse Lago.

Ele avalia que as mudanças climáticas são um tema “muito novo” na política mundial, mas que teve um desenvolvimento rápido por meio do conhecimento científico, “e também porque indicou que iria afetar todos os setores da economia”.

Assim, Lago destacou que o foco da conferência e dos eventos relacionados deve ser a busca por soluções. “Não há certo e errado, não pode haver essa binariedade. Somos a favor de encontrar soluções, que serão muito diversas, muitas vezes serão contraintuitivas”, disse o presidente da COP30.