
A Aeris Energy observou a retomada de conversas sobre contratos de compra e venda de energia eólica voltados ao curto prazo. Em sua primeira teleconferência de resultados após o reperfilamento de 90% da dívida, a fabricante de pás destacou a nova dinâmica de mercado e o aumento da receita com exportações, mesmo diante do início da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Segundo o CEO da empresa, Alexandre Negrão, a expectativa de retomada de pedidos no setor eólico brasileiro continua sendo 2026, mas já há cotações em andamento, apesar de não haver fechamentos concretos.
“O mercado está trabalhando muito mais com o curto prazo. Antes, havia contratos de longo prazo, e hoje vemos uma nova dinâmica de negociação. Talvez essa seja a nova realidade do setor. Existem conversas e cotações, mas nada concreto agora. Seguimos acreditando em uma retomada em 2026, porém de forma lenta”, afirmou.
Com a queda na demanda do mercado interno nos últimos meses, a Aeris registrou prejuízo de R$ 174 milhões no segundo trimestre de 2025 e viu sua receita operacional líquida recuar 42,7%. Apesar do resultado negativo, a receita com exportações, que era nula no segundo trimestre de 2024, saltou 288%, atingindo R$ 94,6 milhões.
Segundo a empresa, o aumento é resultado da estratégia de diversificação das fontes de receita, com tendência de alta no segundo semestre e em 2026. Apesar do anúncio do ex-presidente Donald Trump sobre o aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros, a Aeris ainda não observou reflexos concretos para a sua produção e deve manter o cronograma, monitorando os desdobramentos da medida.
“Quando sabemos o que vai acontecer, é mais fácil. Mas quando não sabemos, surgem incertezas e inseguranças. Até o momento, a companhia não foi afetada pela taxa e esperamos que continue assim”, disse Negrão.
Para o diretor financeiro, José Azevedo, não ser afetado pela nova taxação pode trazer “boas perspectivas para o futuro” da companhia.
Resultados financeiros da Aeris no 2T25
A Aeris contabilizou prejuízo líquido de R$ 174 milhões no segundo trimestre de 2025, acima dos R$ 3 milhões registrados no mesmo período de 2024. O Ebitda ajustado foi negativo em R$ 18 milhões, frente ao resultado positivo de R$ 70 milhões no 2T24. A margem bruta ficou negativa em 1,4%, reflexo do aumento do custo unitário de produção e da menor produtividade das linhas mais antigas — fatores parcialmente compensados pelo crescimento da divisão de serviços.
A receita operacional líquida somou R$ 242,1 milhões, com R$ 85 milhões provenientes do mercado interno (35,3% do total) e R$ 94 milhões do externo (39,1%). A divisão de serviços representou 17,8% da receita, com R$ 43 milhões, e a comercializadora de energia respondeu por 7,9% do total, com R$ 19 milhões.
As despesas gerais e administrativas (DGA) somaram R$ 68,7 milhões, alta de 119%, dos quais R$ 45,1 milhões estão ligados ao processo de reestruturação da dívida. Outras despesas operacionais líquidas totalizaram R$ 12,8 milhões, queda de 4,5%.
Produção e operações
A Aeris faturou 38 sets (conjuntos de três pás) no período e 172 MW de potência nominal, sendo 119 MW destinados ao mercado interno e 53 MW ao externo. Atualmente, a empresa opera com quatro linhas de produção ativas, enquanto outras quatro permanecem desativadas por conta da baixa demanda.