
A sinergia de operações com a Comerc deve ultrapassar os R$ 1,4 bilhão previstos anteriormente pela Vibra devido à estratégia de capturas antecipadas para 2025. De acordo com presidente-executivo da companhia, Ernesto Pousada, a expectativa para a empresa ocorre em meio aos desafios com curtailment na geração centralizada, principalmente solar, vista como uma “incógnita” para o segundo semestre deste ano.
Do lado da comercializadora, Augusto Ribeiro, CFO da Vibra, também destacou a estratégia de alocação de menos risco para evitar possíveis perdas futuras diante do cenário de “incertezas e de questões regulatórias”.
Em teleconferência para divulgação dos resultados do segundo trimestre deste ano, a companhia destacou que a Comerc Energia apresentou evolução relevante em sua performance comercial, com destaque para a margem corrente, que atingiu R$ 12,1/MWh — patamar acima da média histórica — resultando em um lucro bruto corrente de R$ 92,5 milhões, crescimento de 61% em relação ao mesmo trimestre de 2024.
Também houve elevação na divisão de comercialização, que movimentou 7,6 GW médios, com avanço de 33% em um ano. Desta forma, a receita líquida atingiu R$ 1,2 bilhão, montante 50,4% maior na mesma base de relação. Durante o trimestre, foram convertidos R$ 67 milhões em resultado a partir do book da trading, enquanto cerca de R$ 3 milhões foram agregados à carteira, que encerrou o período com um Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 439 milhões.
Segundo Augusto Ribeiro, a variação do VPL do book de contratos futuros segue a estratégia de redução de posições abertas com a implementação do modelo de formação de preços mais restritivo, que combinado aos parâmetros de aversão aos riscos vigentes, tem gerado maior volatilidade nos preços de energia.
Para os executivos da Vibra, a ampliação margem bruta das operações da comercializadora e o crescimento da capacidade de geração distribuída auxiliaram na mitigação dos impactos do curtailment.
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Curtailment na Comerc
A geração centralizada atingiu produção de 536 GWh, récuo de 12,3%. O segmento gerou receita líquida de R$ 154 milhões, avanço de 28,1% em relação ao mesmo período de 2024.
Com 1,8 GW em capacidade instalada atualmente, a Comerc registrou um volume de geração centralizada nas usinas solares de 536,5 GWh (-12,3% vs 2T24), com impacto do curtailment nas plantas. O volume de geração das plantas eólicas alcançou 273,2 GWh (+4% vs 2T24). O volume total do curtailment foi de 35 GWh, avabço de 11%.
“Tivemos um encrudecimento da questão do curtailment. Tivemos 11% no segundo trimestre do ano passado e batemos 20% no segundo trimestre de 2025. Há uma perspectiva de encrudecimento agora para o segundo semestre. Tem diversas discussões de regulamentação acontecendo. O curtailment piorou, de fato, e é uma incógnita, com um impacto relevante para o segundo semestre”, disse Ribeiro.
Diesel Russo
Questionado sobre eventuais sanções e tarifas adicionais do governo de Donald Trump a importadores que negociam com a Rússia, Pousada apontou não ter preocupação com abastecimento, já que a companhia tem trabalhado com importações do Golfo do México e Oriente Médio. Além disso, a Vibra tem a Petrobras como principal fornecedor.
“Não sabemos o que vai acontecer. E se vier a acontecer, do ponto de vista de aquisições, a Vibra faz aquisições no mercado do Golfo e estamos trabalhando bastante por lá há muitos anos. Enfim, não vejo problema de abastecimento nenhum. Temos acesso a outras fontes como o Oriente Médio. Estruturalmente, para a Vibra, sempre é positivo, porque a gente procura focar muito o nosso fornecimento com a Petrobras, que é a nossa preferência”, disse o executivo.
Vibra no 2T25
No segundo trimestre de 2025, a Vibra registrou lucro líquido ajustado de R$ 493 milhões, com retração de 43,2% na comparação com o mesmo período de 2024.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 1,4 bilhão, queda de 5%.
Na distribuição, o volume de vendas atingiu 8,3 milhões de m³, com variação negativa de 1,1% em um ano. Os principais destaques do período foram o aumento de aproximadamente 1% do volume do Ciclo Otto; manutenção do volume de diesel; redução de 37% do volume de óleo combustível, e crescimento de 6% do volume de lubrificantes.
A geração distribuída produziu 104 MWp no trimestre, com avanço de 11,2% na base anual, e receita líquida de R$ 66 milhões, que representa crescimento de 21,4% em um ano. Em 30 de junho de 2025, a Comerc detinha 110 usinas solares de geração distribuída em operação, totalizando 364 MWp de capacidade instalada. Além disso, a companhia possuí outras 13 usinas aptas a energizar (+30 MWp) e 33 MWp em construção.