Mudanças climáticas

Brasil é vulnerável ao risco climático, mas pode se tornar provedor global de soluções

Izabella Teixeira em evento do LIDE. Foto: Gabriel Okawa - LIDE
Izabella Teixeira em evento do LIDE. Foto: Gabriel Okawa - LIDE

A ex-ministra do Meio Ambiente (2010-2016) Isabella Teixeira avalia que o Brasil tem uma posição singular no debate global sobre mudanças climáticas. Ao mesmo tempo em que é vulnerável ao risco climático, o país pode se tornar um provedor global de soluções para o clima. Na avaliação de Teixeira, esta é uma “singularidade” brasileira que “pode ter uma expressão importante no soft power” do país.

“Não somos um país que faz parte do mundo pela guerra, somos um país que faz parte do mundo pela diplomacia, capacidade de empreender e de produzir convergência de interesses”, disse Teixeira nesta sexta-feira, 22 de agosto, durante o 24º Fórum Empresarial Lide, no Rio de Janeiro.

Segundo a especialista, o risco climático já é considerado nos sistemas financeiro e econômico global, e o Brasil tem vulnerabilidades em relação às mudanças climáticas. “Temos que adotar uma questão de saber agir no curto prazo. Temos uma discussão mais estratégica no país sobre o risco e nossas atividades econômicas e quão vulneráveis somos ou não”, disse Teixeira.

Em função disso, o país precisa desenvolver discussões estratégicas que viabilizem o desenvolvimento no novo contexto climático. “Requer muita tecnologia, visão econômica, regulação jurídica para que o país possa de fato avançar em suas ambições de desenvolvimento onde a questão climática é uma das variáveis para tomada de decisão”, disse Teixeira.

A ex-ministra do Meio Ambiente, que hoje é co-presidente do Painel Internacional de Recursos Naturais da Organização das Nações Unidas (ONU), avalia que o enfrentamento às mudanças climáticas não deve se resumir a soluções baseadas na natureza, mas incluir também tecnologia e inovação, como mecanismos de captura e armazenamento de carbono e ações de mitigação aos efeitos climáticos.

“Não é possível que as pessoas achem que há somente uma tendência. A restauração florestal é essencial para retirar carvão da atmosfera, mas existem processos tecnológicos que também estão em trânsito no Brasil”, indicou.

Inovações da COP30

Considerando que o Brasil deve se apropriar das soluções para enfrentamento climático, Izabella Teixeira classifica a COP30 como disruptiva ao convidar a sociedade organizada a fazer parte da interlocução política da Conferência.

“A presidência do Brasil inova de uma maneira surpreendente ao provocar a agenda de ação no mesmo contexto da diplomacia”, entende.  “Pela primeira vez, o setor privado, o setor financeiro, a sociedade, a academia, a filantropia estarão nas salas de negociação para implementar soluções”, elogiou.

Relevância do Brasil em minerais críticos

Izabella Teixeira também destacou o Brasil como agente estratégico no setor de minerais críticos, que se tornam cada vez mais importantes no debate global. Em sua avaliação, a discussão de que não há segurança alimentar no mundo sem a agricultura brasileira ganha outros contornos quando se consideram também a segurança energética e a segurança mineral.

“A nova indústria de defesa, do mundo de armas, é totalmente dependente de minerais críticos e estratégicos. As novas tecnologias de transição energética, totalmente dependentes de minerais críticos e estratégicos e de recursos naturais. O Brasil é uma grande potência nisso.