Biocombustíveis

Raízen planeja 20 usinas de etanol de segunda geração até 2030

A Raízen quer alcançar a marca de 20 usinas de etanol de segunda geração até 2030, em um investimento de R$ 24 bilhões. A empresa já tem uma usina do tipo, que produz o combustível em escala comercial, mas considerada uma planta-piloto, com capacidade de produção de 30 milhões de litros por safra. A planta está localizada no Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba, São Paulo, e opera desde 2014.

Raízen planeja 20 usinas de etanol de segunda geração até 2030

A Raízen quer alcançar a marca de 20 usinas de etanol de segunda geração até 2030, em um investimento de R$ 24 bilhões. A empresa já tem uma usina do tipo, que produz o combustível em escala comercial, mas considerada uma planta-piloto, com capacidade de produção de 30 milhões de litros por safra. A planta está localizada no Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba, São Paulo, e opera desde 2014.

Em outubro, a empresa inaugura a segunda usina de etanol de segunda geração, desta vez na cidade paulista de Guariba, e com capacidade para 82 milhões de litros do combustível por safra. As informações foram passadas por Phillipe Casale, diretor de Relações com Investidores da empresa, nesta quinta-feira, 31 de agosto, durante o evento Shell Talks.

O etanol de segunda geração é produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar, após o primeiro uso para geração de etanol de primeira geração ou açúcar. “A molécula é idêntica à de primeira geração mas tem um atributo de pegada de carbono reduzida por ser feita de resíduo. Projeto brasileiro, nosso, feito no Brasil. É o único país do mundo com essa tecnologia em escala mundial”, disse o executivo no evento.

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Além da planta que deve ser inaugurada em outubro, há mais quatro usinas em construção, cada uma com capacidade para 82 milhões de litros por safra. A produção destas cinco plantas deve alcançar 4,3 bilhões de litros nos próximos 15 anos e já está totalmente comercializada, sendo 3,3 bilhões direcionados para a Shell.

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O outro 1 bilhão de litros está assegurado para outras petroleiras que devem seguir o mandato de descarbonização estabelecido pela regulação europeia Renewable Energy Directive, que determina uma porcentagem mínima de matéria renovável nos combustíveis. Neste mandato, parte tem que ser de fontes não-alimentares (non-crop) para evitar inflação sobre os alimentos.

Além disso, no cálculo do mandato europeu o etanol de segunda geração vale quase o dobro, por ser feito de resíduo. “Existe uma discussão que o etanol de primeira geração também é non-crop, porque nem tudo vira açúcar. Mas a beleza disso é que quanto mais açúcar eu produzir, mais biomassa e etanol de segunda geração eu vou ter”, disse Casale a jornalistas no fim do painel.

“Querosene sustentável vai ter o mesmo efeito do carro flex no Brasil. É disruptivo para o setor”

Casale acredita que o setor de aviação será um dos primeiros a descarbonizar. Isso porque é um setor de difícil eletrificação, já que as baterias seriam pesadas demais, e o consumidor final tem menor sensibilidade ao custo mais alto do combustível renovável (SAF, da sigla em ingês Sustainabla Aviation Fuel).

“Você não vai ter nenhum concorrente elétrico, por causa do peso da bateria, e o consumidor não vai deixar de voar por causa de um acréscimo no preço da passagem. Você vai ter a produção, a demanda e o cliente propenso a pagar. Esse setor vai ser mais rápido para descarbonizar”, disse ele.

Neste mês, a Raízen anunciou que o etanol produzido no Parque de Bioenergia Costa Pinto recebeu certificação como matéria-prima para querosene de aviação. Casale explicou que os planos da Raízen são de atuar como fornecedores da matéria-prima, e não de produzir o combustível.

“As metas hoje são um pouco menos agressivas do que deveriam ser porque vários projetos para SAF ainda estão sendo implementados no mundo. A primeira planta vai ser instalada na Georgia, nos Estados Unidos. E há duas avenidas para SAF, uma usando etanol e outra usando óleos vegetais e outras fontes. Então as empresas estão agora construindo um pipeline, mas é algo que deve se acelerar”, disse o executivo durante o painel no Shell Talks.