Combustíveis

Estatais devem ter papel fundamental na descarbonização e desenvolvimento de novas tecnologias, diz Fitch

Estatais devem ter papel fundamental na descarbonização e desenvolvimento de novas tecnologias, diz Fitch

Empresas estatais devem desempenhar um papel fundamental na descarbonização e no desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono, principalmente em países em desenvolvimento como China, Índia, Brasil e África do Sul, concluiu um relatório da agência de classificação de riscos Fitch. O documento aponta que o papel das empresas estatais tem crescido nas economias emergentes, ao mesmo tempo em que muitas delas não divulgam os dados de emissões de gases poluentes

De acordo com a Fitch, os variados interesses socioeconômicos das estatais podem ser “mais complexos do que as empresas privadas”, levando a baixos investimentos e metas de descarbonização menos assertivas. Ao mesmo tempo em que, por serem estatais, as empresas podem deixar de lado a busca pelo lucro e serem usadas como instrumentos socioeconômicos e priorizar o desenvolvimento de novas tecnologias, elas são protegidas das “pressões disciplinadoras” dos mercados de capitais.

Um estudo da Agência Internacional de Energia aponta que um mercado de preços de carbono pode ter menos influência em investimentos de baixo impacto de carbono entre as estatais em comparação com seus pares privados. Além disso, os governos com empresas estatais estão mais sujeitos a incertezas políticas, o que também pode influenciar na gestão dessas empresas, que podem ser usadas para atender preocupações imediatas, como custo de tarifas de energia, em detrimento de retornos de longo prazo de investimentos em novas tecnologias.

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Outro problema das estatais de países desenvolvidos é que muitas delas são usadas pelos governos para reduzir artificialmente os preços de combustíveis fósseis, reduzindo o ritmo da transição energética. Segundo a Fitch, isso pode prejudicar a lucratividade dessas estatais e, com isso, comprometer sua capacidade de financiar a descarbonização e o investimento e novas tecnologias renováveis.

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O relatório afirma que, nos estágios iniciais da transição energética, as estatais serão fundamentais para reduzir os custos com novas tecnologias e aumentar a expansão econômica em escala. Como exemplo, a agência citou o papel do governo chinês na diminuição do custo da tecnologia de geração solar fotovoltaica, tendência que deve ser vista novamente no setor de hidrogênio verde, que tem recebido atenção especial das estatais chinesas. “Em quase todos os projetos, as estatais são as únicas companhias envolvidas, sejam sozinhas ou por meio da Aliança Chinesa do Hidrogênio, um grupo de empresas estatais”, diz o relatório.

Na Austrália, o desenvolvimento de tecnologias de hidrogênio verde envolvem investidores públicos e privados, com papel importante do governo, inclusive por meio de estatais portuárias e do segmento de energia. Na Alemanha, o governo está envolvido ao oferecer garantias para reduzir os riscos, e outras estatais europeias que estão investindo nessas novas tecnologias envolvem a norueguesa Equinor, a finlandesa Uniper, a francesa EDF e a sueca Vattenfall AB.