Combustíveis

Mesmo com incentivos, emissões de combustíveis leves sobem 3º tri de 2022

Os combustíveis leves, como o etanol e a gasolina, foram responsáveis pela emissão de 27,30 milhões de toneladas equivalentes de CO2 no terceiro trimestre de 2022, alta de 6,52% na comparação com igual período do ano anterior.

Mesmo com incentivos, emissões de combustíveis leves sobem 3º tri de 2022

Os combustíveis leves, como o etanol e a gasolina, foram responsáveis pela emissão de 27,30 milhões de toneladas equivalentes de COno terceiro trimestre de 2022, alta de 6,52% na comparação com igual período do ano anterior.  O dado consta no dashboard de descarbonização da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que acompanha, trimestralmente, a dinâmica de consumo de combustíveis no Brasil no setor de transporte. A análise ajuda a identificar os efeitos dos biocombustíveis na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE).  

O crescimento é justificado pelo aumento da participação da gasolina e de outros combustíveis no país, além redução do consumo de biocombustível, em decorrência da menor oferta de cana-de-açúcar para moagem no período analisado, da redução dos preços da gasolina e, principalmente, pelas alterações tributárias vistas no início do período, de acordo com o relatório. 

Em junho de 2022, o Senado Federal aprovou o projeto de lei complementar 18/2022, que limita em 17% a incidência de ICMS sobre os combustíveis e energia elétrica. Também foi aprovada a PEC 15/2022, que previa a redução de 12% do ICMS cobrado dos bicombustíveis, biodiesel e etanol. 

No total, foram consumidos 416,06 bilhões de megajoules (MJ) pelos veículos leves no período analisado, alta de 5,74% na comparação com o consumo energético registrado na mesma etapa do ano anterior. 

Em relação as emissões evitadas, o uso de bioenergia no país impediu o lançamento de 9,06 milhões de GEE no período. Para a FGV, o resultado só poderia ser alcançado caso fossem plantados 22,10 mil hectares de árvores nativas.  

Carbono e biocombustíveis 

O levantamento da fundação aponta ainda que a intensidade média de carbono (IC) do etanol anidro comercializado no terceiro trimestre de 2022 atingiu 26,48 gCO2eq/MJ, queda de 1,19% na comparação com a IC verificada no mesmo período de 2021. Na mesma base comparativa, o etanol hidratado alcançou 28,54 gCO2eq/MJ no IC, redução de -0,94% em relação ao ano anterior. 

Para a FGV, a diminuição da intensidade média de carbono está relacionada ao ganho de eficiência energético ambiental observado em empresas que recertificaram a sua produção dos combustíveis. 

Mesmo com a queda, a intensidade média da matriz de combustíveis leves apresentou piora de 0,74% no ciclo, chegando nos 65,62 gCO2eq/MJ no 3T2022, ante 65,14 gCO2eq/MJ no mesmo período do ano anterior. 

Neste horizonte, o market share dos biocombustíveis em veículos leves totalizou 36,43%, retração de 37,45% em relação ao índice apurado em 2021.  

Para os autores do relatório de descarbonização na matriz de combustíveis e pesquisadores do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV, Luciano Rodrigues, Fernanda Valente e Sabrina Matos, o estudo da fundação ajudará a acompanhar periodicamente as emissões dos gases no setor de transporte, ajudando na identificação dos ganhos de eficiência ambiental na produção de biocombustíveis, os impactos de políticas públicas e a adoção de estratégias empresariais diferenciadas no setor.