A Petrobras vai anunciar na próxima semana novidades com relação ao seu “modelo de preços empresarial” para os combustíveis. Em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira, 12 de maio, para comentar os resultados da companhia no primeiro trimestre do ano, o presidente Jean Paul Prates afirmou que o critério que vai nortear os preços será a questão da estabilidade versus o repasse da volatilidade nos preços internacionais.
“Semana que vem vamos falar de preço”, disse Prates, ao ser questionado sobre a mudança na política atual, que visa a paridade com a importação dos combustíveis. “Não precisamos voltar ao tempo em que não houve nenhum reajuste o ano inteiro, como 2006 e 2007, mas também não precisamos viver na maratona de 118 reajustes de 2017, que levou a uma crise enorme com a greve dos caminhoneiros”, explicou.
Segundo o executivo, os preços de combustíveis seguirão tendo como referência o mercado internacional, além de considerar a “competitividade interna” do mercado. “Não vamos perder vendas nem deixar de ter o preço mais atrativo aos nossos clientes”, disse.
Essa estratégia difere de uma política nacional de combustíveis, que deve ser atribuição do governo, por meio de elementos como conta de estabilização e controle de estoques estratégicos. “São elementos que trascendem as portas da Petrobras”, afirmou Prates.
Refinarias e Cade
O executivo também comentou o acordo firmado pela Petrobras com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para se desfazer das refinarias. Segundo ele, a nova gestão tem atuado com “absoluto respeito e vontade de chegar a consensos”, e não vai “descumprir” o acordo, mas sim conversar para “rever, reeditar”.
“Naquele acordo, principalmente no caso das refinarias, a Petrobras se voluntariou, não houve acusação direta [pelo Cade] ou estudo de mercado que embasasse uma acusação”, criticou Prates. Segundo ele, a nova gestão da empresa tem o direito de dizer que não concorda com isso, e vai avaliar os pressupostos para “chegar a um novo consenso”.
Foz do Amazonas
Prates também aproveitou o evento com jornalistas para esclarecer que não há embate entre ele e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nem entre a Petrobras e o Ibama, em relação ao licenciamento ambiental para que a empresa possa explorar a Bacia da Foz do Amazonas, no Amapá, região da nova fronteira da margem equatorial.
A região tem sido disputada entre ambientalistas e a indústria petrolífera há quase dez anos, quando os blocos foram licitados, em 2013. Nenhum poço foi perfurado até o momento em águas profundas, pelo problema no licenciamento ambiental.
“Nossa equipe tem ido várias vezes desde o começo do processo no Ibama. Eu fui conversar com a ministra marina, também sou gestor ambiental, tenho mestrado em gestão ambiental. Fui de ambientalista para ambientalista, ouvi as argumentações, entendi o lado e os processos que ela tem”, contou Prates.
Para ele, as decisões tomadas serão respeitadas, mas precisa ficar claro que será uma decisão “do Estado brasileiro”, e não um embate entre a Petrobras e o Ibama. “O Estado brasileiro lá atrás licitou o bloco, empresas de petróleo se candidataram, pagaram o bônus da outorga e se comprometeram com o programa de exploração mínimo”, disse.
“O país escolhe se quer saber se tem petróleo lá já ou se espera mais, e vamos fazendo nossas atividades usuais”, apontou.
Leia mais:
Petrobras e Equinor aguardam marco regulatório da eólica offshore para viabilidade dos projetos
Com queda do Brent, lucro da Petrobras recua 14,4% no 1º tri, a R$ 38,1 bilhões