A demanda crescente por etanol de segunda geração (E2G), especialmente para produção de SAF (combustível sustentável de aviação, na sigla em inglês), pode levar a Raízen a acelerar a construção de plantas do combustível. O E2G é produzido a partir de resíduos da produção de açúcar e de etanol de primeira geração, o que garante um prêmio sobre o preço, em alguns mercados.
Atualmente, a Raízen tem duas plantas de E2G em escala industrial em operação, e mais sete plantas em desenvolvimento. Todas elas já estão com a produção contratada, com acordos de fornecimento de longa duração e preços mínimos garantidos. A carteira de demanda contratada de E2G da Raízen totaliza 4,3 milhões de m³ comercializados em contratos de longo prazo.
“A demanda está muito forte. As plantas 11, 12 e 13 estão bem para frente, e eles [potenciais clientes] precisam do produto antes. A conversa que vamos ter internamente é se vamos conseguir antecipar a produção para entregar isso. Para nós, é uma questão de balanço, execução e gestão de risco do lado da construção. Estamos em negociação com cinco plantas para SAF, contratos de 12 a 15 anos e nosso desafio é entregar antes”, disse o presidente da Raízen, Ricardo Mussa, em teleconferência com acionistas nesta terça-feira, 14 de novembro sobre o resultado da empresa no segundo trimestre do ano-safra 2023-2024, equivalente ao período de julho a setembro.
Segundo Mussa, a companhia aguarda o ramp-up da planta de E2G Bonfim, concluída em outubro, e de duas plantas com início de operação previsto para 2024, para avaliar o potencial de investimento para uma eventual aceleração da construção de novas usinas.
As usinas de E2G são uma das prioridades de investimento da companhia, depois da melhoria da produtividade em campo. A Raízen também está interessada em aumentar sua rede de distribuição, sob a bandeira Shell. A divisão de mobilidade, que inclui a rede de distribuição, teve crescimento de 55,5% no lucro bruto em um ano, atingindo R$ 2,3 bilhões.
Estoque de etanol aumenta 8%
A Raízen avalia que os preços do etanol estão depreciados em função da maior oferta do combustível no período. Por isso, optou por estocar produção para venda futura, com melhores condições de preços. Na comparação anual, o volume de etanol estocado aumentou 8%, a 1,3 milhão de m³.
Segundo o presidente Ricardo Mussa, a Raízen tem vantagens, como estar próximo ao consumidor final nos postos de combustível, ter alta demanda de exportação e muito volume de produção de etanol industrial, que tem menos competidores. “Temos bons motivos para manter os estoques com base no que vemos no mercado agora”, disse o presidente.
Mussa percebe que há um aumento na demanda por etanol por parte dos consumidores na distribuição e por isso não acha que a defasagem do etanol em relação à gasolina, atualmente abaixo de 70%, seja preocupante.
“Estamos verticalmente integrados e entendemos o que acontece com o consumidor na bomba. Estamos vendo um aumento na base de consumidores. A diferença de preço na bomba está acima de R$ 2 por litro, bastante alta. A paridade atual está em cerca de 62%, 63%. Não precisa chegar a 70% porque isso só vai destruir a demanda. A demanda está muito forte e deve continuar”, avalia Mussa.
Produção de energia
A Raízen atingiu no período 40 mil unidades consumidoras em sua divisão Raízen Power. Foram comercializados 7,9 mil GWh. Deste total, 1 mil GWh veio de geração própria, a maior parte feita por cogeração (a partir do bagaço da cana) e 55 GWh foram gerados por fonte solar “e outras fontes renováveis” no modelo de geração distribuída. Passaram por comercialização e trading 6,8 mil GWh.
Resultados
No segundo trimestre do ano-safra 2023-2024, equivalente ao período de julho a setembro, a Raízen registrou lucro líquido ajustado de R$ 181,3 milhões, contra R$ 1,1 milhão há um ano. A moagem de cana aumentou 14%, atingindo 37,5 milhões de toneladas. A produção de etanol de primeira geração (E1G) foi de 1,4 milhão de m³, com aumento de 1,9% no ano. Em E2G, a Raízen produziu 8,6 mil m³, o que representou redução de 9,5% em relação ao ano-safra anterior.
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