A interrupção total do fornecimento de gás natural russo à União Europeia (UE) poderia causar uma recessão em todo o bloco. Diante da insegurança em relação ao fornecimento, após a interrupção da operação do Nord Stream 1 para manutenção, o Fundo Monetário Internacional (FMI), prevê que a Europa Central e Oriental – Hungria, Eslováquia e República Tcheca – podem sofrer uma queda de 6% no Produto Interno Bruto (PIB).
Relatório publicado nesta terça-feira, 19 de julho, aponta que na Alemanha, principal economia do bloco, o PIB poderia cair cerca de 3% no caso de um corte total. No caso da Espanha, menos dependente do gás da Rússia, o efeito seria significativamente mais limitado, e a queda do PIB seria de cerca de 1%, assim como na França.
A projeção do FMI sugere que a economia europeia pode lidar com uma redução de 70% da oferta de gás da Rússia, mas haveria escassez em caso de embargo total. Os países europeus mais afetados só teriam acesso entre 15% e 40% do suprimento necessário para atravessar o inverno.
Dados do relatório mostram que houve uma queda de 60% nas entregas de gás natural russo desde junho de 2021, e fontes alternativas foram usadas para controlar os cortes. No entanto, a diversificação seria mais difícil após uma redução de 70%, já que poderia gerar gargalos no redirecionamento do gás na Europa, seja por insuficiência na capacidade de importação, ou por restrições de transmissão.
“A perspectiva de um desligamento total e sem precedentes está alimentando a preocupação com a escassez de gás, preços ainda mais altos e impactos econômicos. Embora os formuladores de políticas estejam se movendo rapidamente, eles não têm um plano para gerenciar e minimizar o impacto.”, diz o relatório.
Alguns países já aderiram ao RePowerEu, plano com diretrizes para incentivar famílias e empresas a economizarem energia, mas o plano não é suficiente para atender as consequências econômicas. Para “amortecer” os impactos de um corte total, o FMI sugere que os mercados da UE permaneçam integrados tanto internamente quanto com o resto do mundo, por um compartilhamento de suprimentos.
A entidade sugere novos esforços para garantir o abastecimento dos mercados globais de GNL e fontes alternativas, como forma de aliviar os gargalos de infraestrutura e a execução de programas inteligentes de racionamento de gás natural, para o inverno rigoroso que se aproxima.