O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a GIZ, agência do governo da Alemanha que fomenta o desenvolvimento sustentável, fecharam uma parceria para a produção de combustível sustentável de aviação no Rio Grande do Norte. Serão investidos R$ 4,5 milhões na iniciativa.
A produção deverá ocorrer no Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), localizado em Natal. As obras de adaptação dos reatores e dos equipamentos já existentes para a produção do combustível deverão ser concluídas até 2023. A duração do projeto será de dois anos, prazo no qual será definido quando o novo combustível começará a ser produzido.
Segundo o Senai, o intuito da parceria é a redução de emissões de gases do efeito estufa na aviação. Markus Francke, diretor do Projeto H2Brasil da GIZ, explicou que a união das entidades vai desenvolver “alternativas para a descarbonização da aviação brasileira, bem como valorizar vocações locais combinando energias renováveis e coprodutos industriais para a produção de SAF”.
A matéria prima usada na produção será o querosene sintético renovável, produzido a partir da glicerina, co-produto do biodiesel – por meio de um processo químico denominado rota Fischer-Tropsch. A glicerina será transformada em gás de síntese (monóxido de carbono e hidrogênio verde) e, após processos químicos e industriais, será transformada em combustível.
Rodrigo Mello, diretor do ISI-ER, afirmou que é praticamente nula a emissão de CO2 para produção de combustível sintético com glicerina.
Regulamentação Nacional
Já existe regulamentação da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e também de organismos internacionais indicando que o combustível renovável pode ser misturado com querosene de aviação de origem fóssil em até 50% da composição.
Por ter origem orgânica e poder ser misturado com o QAV tradicional – produzido a partir de fontes fósseis – o combustível sustentável de aviação tem, de acordo com Mello, potencial para evitar que um volume importante de gases de efeito estufa seja lançado na atmosfera, “colaborando com as metas de carbono zero em 2050 e de redução de emissões até 2030 no Brasil, assim como com compromissos ambientais assumidos por outros países”.