Coluna Abragel

Hidrelétricas para assegurar ao Brasil a menor emissão per capta de carbono frente aos países do G20

arte abragel
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O Brasil é reconhecido como um líder global em eletricidade renovável, um status alcançado graças a uma combinação de políticas de incentivo, avanços e conhecimentos tecnológicos e, fundamentalmente, à sua robusta base hidrelétrica. O país vem atingindo percentuais acima de 90% de eletricidade proveniente de fontes renováveis, um índice impressionante que é três vezes maior do que a média global. Este sucesso foi destacado pelo estudo do think tank de energia Ember, que apontou o Brasil como um exemplo de transição energética¹. Para manter e ampliar a posição de liderança, é essencial continuar investindo em hidrelétricas, que desempenham um papel vital na garantia de estabilidade e continuidade na geração de energia limpa e renovável.

Nesse contexto, a hidroeletricidade tem sido a espinha dorsal do setor elétrico brasileiro por décadas. Em 2023, as hidrelétricas representaram em torno de 60% da eletricidade gerada no país, uma redução em comparação à média de 63% dos últimos dez anos. Mesmo assim, esse percentual é significativo e evidência a importância contínua dessas usinas para a matriz elétrica nacional. A variabilidade da participação das hidrelétricas ao longo do tempo deve-se, em parte, à entrada de outras fontes de energia renováveis intermitentes, como a solar e a eólica. Além disso, a falta de políticas públicas robustas para a manutenção do desenvolvimento desses projetos, que utilizam tecnologia brasileira e possuem uma cadeia de produção 100% nacional, também contribui para essa variação.

Nos últimos anos, o Brasil experimentou uma rápida expansão das energias solar e eólica. Com base nos estudos da Ember, em 2023 essas fontes representaram 21% da eletricidade gerada, um aumento substancial em relação aos anos anteriores. A energia solar no Brasil ultrapassou a média do G20, gerando 9,1% da eletricidade. Este crescimento diversifica a matriz energética e reduz a dependência de fontes fósseis, mas também traz desafios significativos relacionados à intermitência dessas fontes.

Assim, além do crescimento das fontes renováveis intermitentes, o Brasil precisa de energia renovável firme e contínua – uma das maiores vantagens da fonte hídrica. Ao contrário das fontes intermitentes, que dependem de condições climáticas, as hidrelétricas podem operar de maneira previsível, ajustando a produção conforme a demanda, garantindo estabilidade ao sistema elétrico.

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A expansão de um parque gerador diversificado é vital para a sustentabilidade ambiental e a redução das emissões de carbono. No entanto, sem uma base sólida de energia firme, o risco de instabilidade no fornecimento aumenta. Para que o Brasil possa continuar a incorporar fontes renováveis intermitentes de forma segura e eficiente, é fundamental manter e ampliar a capacidade das hidrelétricas. Isso permitirá que o país continue a registrar os menores índices de emissão de carbono no G20.

Para a manutenção do título de menor emissor no G20, é primordial o avanço de todas as fontes de energia renovável já que contribuem significativamente para a redução das emissões do setor de energia no país. Em 2014, as emissões per capita eram de 0,56 toneladas de CO₂, enquanto em 2023 esse número caiu para 0,33 toneladas de CO₂ por habitante, conforme estudo do think tank Ember. Essa redução fez do Brasil o país com as menores emissões per capita no G20, posição que ocupa há duas décadas, exceto em 2014, quando foi ultrapassado pela França.

Enquanto muitos países do G20 ainda lutam para reduzir suas emissões, o Brasil tem mostrado um caminho claro de declínio. As emissões do setor de energia atingiram o pico em 2014 e caíram 38% desde então, totalizando 70 milhões de toneladas de CO₂ em 2023. Este sucesso é, em grande parte, atribuído à forte base hidrelétrica do país, uma fonte de energia limpa e estável.

Para assegurar esse sucesso, é imperativo que o Brasil continue a investir em hidrelétricas, especialmente centrais de pequeno porte, considerando o grande potencial existente no Brasil e seus atributos para o sistema elétrico brasileiro. Isso não apenas garante a estabilidade e a segurança energética, mas também permite a integração mais ampla de fontes renováveis intermitentes. Projetos de modernização e ampliação de usinas existentes, bem como a construção de novas hidrelétricas, são necessários para acompanhar o crescimento da demanda e a diversificação da matriz energética.

Além disso, investimentos em tecnologias de armazenamento de energia, como baterias e hidrelétricas reversíveis, podem complementar a geração de energia, oferecendo soluções adicionais para gerenciar a intermitência das fontes solar e eólica. Estas tecnologias permitem armazenar energia durante períodos de baixa demanda e liberá-la quando necessário, melhorando ainda mais a confiabilidade do sistema elétrico.

Para manter e expandir essa liderança do Brasil, é essencial investir em hidrelétricas, garantindo energia firme e contínua que suporte a expansão das demais fontes renováveis. A manutenção desses empreendimentos também contribui para a redução das emissões de carbono, posicionando o país na vanguarda da transição energética global.

*Charles Lenzi é presidente-executivo da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel); Renata Menescal é diretora do Jurídico e do Regulatório da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel)

As opiniões publicadas não refletem necessariamente a opinião da MegaWhat

**Conteúdo oferecido pela Abragel


[1] Avanços em energia eólica e solar garantem ao Brasil a menor emissão per capita de carbono do G20 – Revista exame