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O perfil da matriz elétrica brasileira mudou, assim como as formas de negociação e de contratos, principalmente, no ambiente de contratação livre de energia: mais amplo, dinâmico e com uma maior granularidade de informações.
A base de clientes aumentou, assim como o volume de negociações – ainda que em valores menores. Nos quatro primeiros meses deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) registrou mais de 19 mil processos de migração de consumidores com demanda inferior a 0,5 MW. A expectativa da agência é que o ano de 2024 termine com 27 mil processos, num horizonte de mais de 200 mil consumidores enquadrados no grupo A, de alta e média tensão que poderão migrar nos próximos anos.
Para Ilton Cherete, diretor de Tecnologia e Inovação da Thunders, a tecnologia é o caminho principal para as empresas solucionarem os problemas e abordarem as oportunidades oriundas dessas mudanças, não somente na captação de clientes, como na maneira de se relacionarem com esses clientes, aprimorarem seus processos de gestão de risco e projeção de portfólio, tratamento dos dados para apoio a tomada de decisões e implementação de novos produtos, mantendo a atenção também em compliance, auditoria, segurança da informação e continuidade de negócio.
“Quando se mudam as características do mercado e seus participantes, é preciso também uma mudança de mentalidade e processos. As empresas precisarão investir em soluções de software e infraestrutura para fazer essa gestão, dada a mudança drástica de perfil dos consumidores e volume transacionado”, explicou o diretor da Thunders.
A importância do investimento em tecnologia nesse processo se torna ainda mais relevante quando se analisa as expectativas de expansão do mercado no médio e longo prazo. Numa segunda etapa de abertura do mercado livre, esperada a partir de 2026, a expectativa é que 8 milhões de unidades consumidoras possam migrar para o ambiente livre e, a partir de 2028, considerando os consumidores residenciais e da classe rural, outras 67 milhões de unidades.
Com tantas novas necessidades e o aumento no volume e criticidade dos dados, o especialista aponta que “soluções de baixa robustez como um Excel ou sistemas não devidamente pensados para essa realidade, não suportarão esse novo cenário, não fornecendo escalabilidade, alta disponibilidade ou resolverão questões de integração, segurança da informação e LGPD”.
Cherete acompanhou o processo de transformação digital no mercado financeiro e já vê similaridades no de energia, ainda que com velocidade e características distintas.
“A transformação digital já está acontecendo e é importante um alerta para que esse processo se inicie de maneira urgente, uma vez que mudanças em implantações de software e infraestrutura precisam de tempo e planejamento adequados”, destaca o diretor da Thunders.
Ilton Cherete fundou a Thunders Tecnologia em 2014 junto a três sócios. Antes disso, atuou por dez anos no mercado financeiro, passando pelos bancos Santander e Votorantim, com foco em mercados de capitais, produtos financeiros, derivativos, negociação eletrônica e processos e operações de auditoria.
Dados do mercado
De acordo com o último InfoMercado divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o número de agentes continua a crescer. Em março deste ano, o total de agentes aderidos à Câmara subiu 11,5% na comparação com o mesmo mês de 2023, com 1.593 novos agentes. O número de consumidores livres também aumentou, 46%, enquanto o número de especiais subiu 3,7%.
O volume transacionado em março também é expressivo, com cerca de 172.869 MW médios, sendo que 73% são compostos por contratos no ambiente livre, principalmente em decorrência dos contratos dos agentes comercializadores.
*Conteúdo oferecido pela Thunders Tecnologia