A recente disparada do dólar em relação ao real, reflexo da crise global desencadeada pela pandemia do coronavírus (covid-19), deve pressionar as tarifas de energia em 2020, segundo Helder Sousa, diretor de regulação da TR Soluções, empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia.
Considerando um dólar médio de R$ 4,35 no ano, previsão mais recente do Boletim Focus do Banco Central, a variação das tarifas de todos os grupos de tensão praticadas pelas distribuidoras do país deve atingir, em média, a alta de 0,7% nos próximos doze meses. Com um dólar a R$ 4,50, a variação média deve ser de 2,1%.
Hoje, a moeda americana já supera os R$ 5,00, mas a previsão da TR Soluções considera um dólar médio em todo o ano. Se o cenário atual prevalecer no restante de 2020, a tendência é que o aumento das tarifas seja ainda maior.
Segundo a TR Soluções, o impacto cambial nas tarifas está ligado à energia de Itaipu, as usinas nucleares e a operação de algumas termelétricas do Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT).
Os fatores afetam de forma diferente os processos tarifários. Itaipu, por exemplo, é custeada pelos consumidores do Sul e do Sudeste/Centro-Oeste, que são os cotistas da energia da usina.
Alguns contratos bilaterais de distribuidoras como Celpe, Enel Ceará e Light com termelétricas do PPT tem os preços reajustados por inflação, preço do gás natural e variação cambial, o que impacta as tarifas dessas concessionárias.
Já a energia gerada pelas usinas nucleares Angra I e Angra II, que é paga por todos os consumidores, envolve despesas relacionadas à inflação, variação do euro e do dólar.
Segundo a TR Soluções, os cálculos consideram distribuidoras responsáveis pelo atendimento de 98% do mercado de distribuição brasileiro. Também são consideradas premissas como as projeções de PLD e GSF da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
