A crise da Covid-19 pode levar a um impacto de R$ 15 bilhões no fluxo de caixa das distribuidoras de energia elétrica. Os cálculos são da TR Soluções e consideraram a sobrecontratação de energia, o diferimento tarifário, as perdas associadas à Parcela B e o aumento da inadimplência.
A análise foi feita com dados de 38 distribuidoras e considera os efeitos da crise que poderiam ser percebidos nas tarifas de energia em 2020 e 2021.
Considerando que o índice de inadimplência mais do que triplicou em abril, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e gerou uma redução de receita de R$ 1,64 bilhão, a TR Soluções estima que a manutenção desse patamar adicional por três meses, geraria um acumulado de quase R$ 5 bilhões.
As projeções também indicam que, em média, as tarifas teriam alta de 7% neste ano e queda de 1,4% em 2021. A transferência de recursos setoriais e o estabelecimento de um empréstimo às distribuidoras (Conta-Covid) podem reduzir as variações tarifárias.
Quanto à sobrecontratação das concessionárias, a empresa avalia que a pandemia deve acentuar as sobras, alcançando a marca de 20% no ano, ou 8.109 MW médios. Esse montante poderia representar um prejuízo de R$ 7 bilhões para as distribuidoras, tendo em vista um PLD médio anual a ser utilizado na liquidação das sobras de R$ 107,00/MWh, 48% menor do que o mix médio de compra da energia elétrica das distribuidoras (R$ 206,00/MWh).
Além disso, a prorrogação da vigência das tarifas homologadas em 2019 até 30 de junho de 2020, deve resultar num acréscimo de R$ 500 milhões nas tarifas de um conjunto de dez empresas em 2021 e representar, em média, um impacto de 1 ponto percentual nos eventos tarifários dessas empresas.
Já as perdas econômicas e financeiras das distribuidoras relativas à redução do consumo de energia neste ano devem representar um impacto de R$ 3,3 bilhões.