A EDP Brasil vê “sinais claros de retomada” no consumo de energia no país, de acordo com Miguel Setas, presidente da companhia. A declaração foi feita durante teleconferência sobre os resultados do terceiro trimestre do ano. Uma segunda onda de casos de covid-19, contudo, pode afetar essas perspectivas.
“Nós estamos sentindo melhoria no consumo, setembro já foi um mês com consumo superior ao registrado no mesmo período de 2019 e em outubro estamos na mesma situação”, disse João Manuel Brito Martins, vice-presidente de Redes da EDP.
Segundo Brito, a inadimplência também tem tendência de melhora como consequência direta das ações tomadas para cobrança e retomada do corte por não pagamento. “Obviamente, o aumento da taxa de desemprego que assistimos coloca um ponto de alerta. O que nos dá confiança é que temos estratégia correta e um conjunto de ferramentas que permitem melhorar os indicadores de arrecadação”, afirmou.
Setas destacou que, enquanto na Europa a expectativa é por uma segunda onda de casos de covid-19, o que pode trazer de volta os receios de colapso dos sistemas de saúde, o Brasil vem passando por uma redução paulatina e gradual. “Pode ser que a segunda onda do Brasil seja basicamente uma continuidade da primeira”, disse.
Investimentos em expansão
Enquanto isso, a companhia segue avaliando oportunidades de expansão via investimentos. Questionado se há interesse na privatização da CEB, distribuidora de Brasília, Setas disse que a EDP “vai avaliar a companhia”. O valuation em R$ 1,4 bilhão, segundo o executivo, parece ser compatível com os múltiplos de transações realizadas no país na área de distribuição.
“Transmissão é uma oportunidade de interesse estratégico para a empresa, estamos avaliando os lotes e definindo as prioridades”, disse Setas, referindo-se ao leilão de transmissão previsto para dezembro.
De acordo com Setas, a EDP continuará escolhendo projetos de risco controlado do ponto de vista fundiário e ambiental, sem deixar em vista as exigências de rentabilidade dos empreendimentos. “Vamos olhar o portfólio de alternativas como um todo e fazer a análise de risco como temos feito até aqui, com a perspectiva de rentabilidade sempre exigente”, disse.
A abertura gradual do mercado livre de energia também apresenta oportunidades para a companhia. “Já estamos hoje preparados para a abertura de mercado maior, com possibilidade desta comercializadora operar num mercado de varejo, que é uma operação completamente diferente em termos de sistemas, políticas de crédito e relacionamento comercial”, disse.