As distribuidoras de energia do Brasil estão com uma sobrecontratação média de 9% até o fim de julho, e as projeções indicam que, em 2021, os níveis de contratação das empresas variam de 142% a 85%. Os dados foram divulgados hoje pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em entrevista coletiva concedida por videoconferência.
Segundo Rui Altieri, presidente do conselho da CCEE, isso indica que “haverá, certamente, demanda no leilão A-1 do final do ano”, principalmente no caso das distribuidoras que preveem descontratação em 2021.
Como a diferença é grande e há distribuidoras que terão 42% de sobras no próximo ano, as projeções também indicam que haverá demanda das empresas nas próximas rodadas dos mecanismos de ajuste e compensação dos contratos.
A rodada extraordinária do Mecanismo de Venda de Energia (MVE) realizada em agosto negociou 428,7 MW médios em contratos de janeiro a dezembro de 2021, ajudando a reduzir a sobrecontratação média esperada para o próximo ano em 1 ponto percentual.
Na entrevista, Altieri apresentou os números de consumo neste ano, que mostram que o consumo caiu muito entre abril e junho, por conta das medidas de isolamento social adotadas para conter a pandemia do covid-19, mas começaram a se recuperar entre julho e agosto.
No mercado livre, o consumo acumulado entre janeiro e agosto registra queda de 1,3% na comparação anual. A migração de consumidores regulados para o mercado livre ajuda a minimizar a redução de mercado vista ao longo do ano. No setor de telecomunicações, por exemplo, o consumo acumula alta de 3%, mas, sem as migrações, teria registrado queda de 4%. Em saneamento, o consumo subiu 28%, mas sem as migrações o aumento teria sido de 3%.
Na mesma linha, o consumo de energia no mercado regulado acumula queda de 5,3% nos oito primeiros meses do ano. Entre março e julho, o consumo residencial subiu 2,8%, enquanto o das indústrias caiu 23,2%, e o de comércios e serviços recuou 19,2%.