
A renovação da concessão da Light “está cada vez mais próxima” e será necessário para o aumento de capital privado de até R$ 1,5 bilhão e a conversão mandatória da dívida conversível de R$ 2,2 bilhões. Para Alexandre Nogueira, presidente da distribuidora, a renovação é passo seguinte da empresa rumo aos planos previstos em seu plano de recuperação judicial.
A afirmação veio após o executivo relembrar da realização do leilão reverso de recompra parcial de US$ 51 milhões em títulos de dívida, realizado em maio e que gerou um ganho financeiro de cerca de R$ 20 milhões, reconhecidos no resultado financeiro deste trimestre.
“Isso é um indicativo importante de confiança dos investidores na trajetória que estamos construindo para a companhia. Acreditamos que estamos cada vez mais próximos de avançar no processo de renovação da concessão. Com a renovação, a Light estará pronta para executar as etapas finais previstas no plano, que são o aumento de capital privado e a conversão mandatória da dívida conversível”, falou em teleconferência para apresentação dos resultados do segundo trimestre de 2025.
O contrato de concessão da Light termina em junho de 2026 e a empresa manifestou o interesse de renová-la por mais 30 anos, ao enviar ofício ao Ministério de Minas e Energia (MME) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmando seu interesse na renovação antecipada.
O executivo aproveitou ainda para destacar os avanços nos índices de duração equivalente das interrupções no fornecimento de energia por unidade consumidora (DEC), que alcançou 6,23 horas no acumulado de 12 meses encerrados no segundo trimestre de 2025, redução de 7,6% (-0,57h) em relação ao quatro trimestre de 2024, mantendo o indicador 8,4% abaixo do limite regulatório da Aneel (6,80h).
A frequência equivalente de interrupções (FEC) encerrou o período em 2,95 vezes, queda de 3% frente ao quarto trimestre de 2024 e permanecendo 34,4% abaixo do limite regulatório (4,5x).
Light 2T25
A companhia totalizou prejuízo líquido de R$ 51 milhões no segundo trimestre deste ano, ligeira redução de 0,6% em relação ao registrado no mesmo período de 2024.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, da sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 329 milhões, queda de 58,2%. Já a receita líquida somou R$ 3,4 bilhões, recuo de 7,1%.
A dívida bruta da empresa encerrou o período em R$6,2 bilhões, com redução de 37,3%, refletindo a reestruturação do endividamento, concluída em dezembro com a entrega dos novos instrumentos.
Impacto na geração e comercialização
Nestes segmentos, a Light apresentou receita líquida combinada de R$ 581 milhões nos seis primeiros meses do ano, alta de 26,4%. O volume comercializado pelo grupo na etapa foi de 760 MW médios, registrando aumento de 48,3% frente aos seis primeiros meses de 2024 (512 MW médios).
A distribuidora justificou o desempenho com o maior volume de comercialização de energia, aliado ao encerramento de contratos relevantes com preços mais elevados, que foram substituídos por novos contratos a preços médios inferiores, em linha com as condições atuais do mercado.
No segundo trimestre deste ano, as áreas somaram 790 MW médios, alta de 51,5% em relação a mesma etapa de 2024.
Desempenho na distribuidora
O mercado faturado ajustado, que exclui cancelamentos de energia retroativa e itens não recorrentes, totalizou 5.985 GWh no segundo trimestre do ano, queda de 7,9%. A redução é explicada pela empresa pela temperatura média inferior e o avanço da geração distribuída (GD) no período.
Em 2025, a GD compensada e simultânea totalizou 750 GWh, aumento de 46,3% em relação aos seis primeiros meses do ano passado. Como resultado, a modalidade passou a representar aproximadamente 5,5 % do mercado total da distribuidora versus 3,7% nos seis primeiros meses de 2024.
Perdas na empresa
Em relação ao combate às perdas, a distribuidora destacou em seu balanço os números dos últimos 12 meses, encerrados em junho de 2025. Nesta etapa, as perdas totais alcançaram 11.239 GWh, queda de 186 GWh quando comparada ao ano anterior (-1,6%), recuando tanto nas áreas de tratamento convencional e de risco.
Sob a perspectiva regulatória, as perdas não técnicas sobre o faturamento no mercado baixa tensão atingiram 70,7%, cerca de 32,5 pontos percentuais acima do percentual reconhecido na tarifa para o ano de 2025 (38,28%).
Segundo a Light, ainda que a diferença entre a perda real e o percentual reconhecido na tarifa resulte em custo adicional de cerca de R$1,1 bilhão no acumulado dos últimos 12 meses, houve uma queda de aproximadamente 21% neste custo na comparação do primeiro semestre de 2025 e 2024, devido à combinação do efeito da redução do preço de compra de energia (PMIX), bem como da queda no volume de energia não reconhecida no âmbito regulatório.