O processo de “turnaround” da Light, iniciado em meados do ano passado, não foi paralisado por conta da pandemia do coronavírus (covid-19), disse Ana Marta Horta Veloso, presidente da companhia, em teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre.
“Obviamente, temos um contexto desafiador na economia, e nem sabemos ainda qual será a duração da pandemia. Mas, por outro lado, a Light tem todas as condições de ir a campo e continuar o turnaround que começamos a construir”, disse a executiva.
Os números da pandemia ainda são muito preliminares, o que dificulta a Light a fazer uma estimativa dos efeitos que serão sentidos no segundo trimestre do ano. “Observando outras concessões, o impacto em nossas áreas têm sido menor, mas ainda é cedo para falar”, disse ela.
A energia faturada pela Light em abril caiu 15% em abril, para 1.996 GWh. Considerando todo o mercado fio da companhia, a carga caiu 20,1% no mês, para 2.632 GWh.
Segundo o Roberto Barroso, diretor financeiro da Light, esse dado ainda não traz o efeito cheio dos impactos da pandemia do coronavírus (covid-19), uma vez que boa parte da energia faturada em abril foi consumida em março, mas ele considerou o dado positivo quando comparado com a realidade de outras distribuidoras de energia no Brasil.
A Conta-Covid, empréstimo negociado pelo governo com bancos privados para injetar recursos no caixa das distribuidoras de energia do país, deve sair em breve para ajudar a aliviar esses efeitos da pandemia, disse Ana Marta.
“As reuniões com o regulador e o Ministério avançaram bastante e temos real expectativa de que sairá um decreto explicando a Conta-Covid e dando mais explicações sobre essas questões estruturais, como a sobrecontratação”, disse ela. A solução imediata deve dar alívio no caixa, atacando a dimensão financeira da crise, mas a executiva espera também um “embrião” de uma solução para a parte econômica da crise no mesmo decreto.
Ainda assim, a Light não descarta pedir uma revisão tarifária extraordinária (RTE) no futuro. “Vai ser natural para tratar algum desequilíbrio remanescente. Como o equilíbrio é assegurado no contrato de concessão, tem que ser endereçado”, disse ela.
Balanço
No primeiro trimestre do ano, a Light teve lucro líquido de R$ 167 milhões, aumento de 1,5% na base anual. O resultado da distribuidora no período foi positivo em R$ 62 milhões, frente ao prejuízo de R$ 25 milhões dos primeiros três meses de 2019, em razão do melhor resultado financeiro líquido do período por conta do ganho com a marcação a mercado das operações de swap da dívida.
A receita líquida caiu 8,9% no trimestre, para R$ 2,89 bilhões. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado recuou 19%, para R$ 466 milhões. Segundo a companhia, a piora se deu por conta dos resultados da geradora, principalmente, pois o GSF foi “significativamente menos favorável” no primeiro trimestre de 2020, fazendo com que a companhia registrasse menor venda de energia excedente.
As perdas não técnicas, por furto ou fraude, tiveram a primeira redução em três anos, saindo de 52,05% do mercado de baixa tensão em dezembro de 2019 para 50,25% no fim de março. As perdas não técnicas fecharam em 39% nas áreas “possíveis”, melhor índice desde que foi iniciada a sua verificação, em 2016.
A companhia também destacou a melhora de seus indicadores de qualidade de serviço. O DEC, que mede a duração das interrupções em 12 meses, caiu de 7,77 horas em dezembro para 6,96 horas em março, abaixo da meta regulatória de 8,14 horas. O FEC, que mede a frequência das interrupções, caiu de 4,31 vezes em dezembro para 4,27 vezes em março, ante a meta regulatória de 5,43 vezes.