A elevação dos preços do gás natural deve contribuir para um melhor cenário no mercado europeu, reduzindo a demanda e mantendo os níveis de armazenamento em linha com a média ao fim do próximo inverno, em março de 2023. Caso o inverno do hemisfério Norte seja muito frio, contudo, o consumo da molécula deve subir apesar dos preços altos, colocando em risco o fornecimento e tornando inevitáveis cortes na demanda no inverno do próximo ano, entre 2023 e 2024. As informações são de um novo relatório da Wood Mackenzie.
Segundo o estudo, a alta dos preços do gás deve reduzir a demanda europeia em 7% na comparação com a demanda média dos últimos cinco anos até março, deixando os níveis de armazenamento em 31% no final do inverno, no melhor dos cenários – patamar compatível com a média dos cinco anos. A entidade prevê que no inverno de 2023/24, a Europa alcance um nível de armazenamento de gás de 90%.
De acordo com o analista da Wood Mackenzie para o mercado de gás europeu, Penny Leake, as ‘esperanças’ da Europa de superar este e os próximos invernos baseiam-se em importações recordes de GNL, que devem atingir uma participação de 40% no continente em 2023.
A possibilidade de um inverno extremamente rigoroso na Europa e as recentes paradas para manutenção no gasoduto Nord Stream 1, contudo, compõem um outro cenário em que a demanda por gás natural para aquecimento na Europa e Ásia pode aumentar a demanda em até 30 bilhões de metros cúbicos no inverno, levando os estoques da molécula na Europa ao patamar de 4% em março do próximo ano. Com isso, no inverno de 2023, os estoques deverão estar em 63%, tornando inevitáveis medidas de redução de demanda.
Essas incertezas estão ajudando a impulsionar uma alta dos preços de gás. “Além da incerteza sobre o fornecimento de gás da Rússia, o aperto do mercado de energia – devido à baixa geração nuclear, hidráulica e eólica – e o risco de interrupção da eletricidade estão colocando um estresse adicional nos preços do gás futuros neste inverno”, afirma.