Economia e Política

BNDES amplia desembolso para indústria e infraestrutura, e volta a criticar privatizações do setor elétrico

No primeiro semestre de 2023, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aumentou em 11% os desembolsos para indústria e 17% para infraestrutura. No total, foram investidos R$ 74,2 bilhões em infraestrutura, que inclui o setor de energia, e R$ 22,9 bilhões na indústria. O índice de consulta, etapa anterior ao desembolso, aumentou 154% entre empresas industriais e 175% entre companhias do setor de infraestrutura.

Rio de Janeiro – Edifício sede do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Rio de Janeiro – Edifício sede do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

No primeiro semestre de 2023, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aumentou em 11% os desembolsos para indústria e 17% para infraestrutura. No total, foram investidos R$ 74,2 bilhões em infraestrutura, que inclui o setor de energia, e R$ 22,9 bilhões na indústria. O índice de consulta, etapa anterior ao desembolso, aumentou 154% entre empresas industriais e 175% entre companhias do setor de infraestrutura.

Infraestrutura foi o segmento da economia que recebeu maior volume de recursos. O montante foi puxado por investimentos em saneamento, com destaque para a emissão de debêntures para a Iguá, que teve R$ 1,8 bilhão do BNDES, e da Aegea, que recebeu R$ 1,9 bilhão do banco.

A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do banco, Luciana Costa, disse durante entrevista coletiva sobre os resultados que o setor de saneamento teve recursos represados nos últimos anos e havia uma demanda reprimida do mercado. “Olhamos o que fazia sentido e resolvemos acelerar. Houve uma aceleração da nossa parte”, disse.

Segundo ela, o mesmo represamento de recursos aconteceu no setor de energia, com muita demanda reprimida das empresas do setor, mas o banco tem disposição para investir. “No momento, a maior carteira do BNDES é em energia e continuamos focando no setor. O BNDES construiu o setor de renováveis e pretende continuar investindo. Estamos focando em hidrogênio verde, querosene sustentável de aviação, temos mapeados os projetos de combustíveis do futuro e o banco vai continuar apoiando”, disse Costa.

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“Não vamos abdicar de nosso direito político”

 Perguntado sobre a percepção do BNDES sobre a privatização da Copel, que teve suas ações ofertadas ao mercado em 7 de agosto, o presidente do banco, Aloízio Mercadante, reforçou que o posicionamento da instituição é que energia é um setor estratégico e por isso não deveria ter diluída a participação do governo. “É um setor em que o Estado tem que estar presente, o dia de ontem mostrou isso”, disse Mercadante, fazendo referência ao apagão cujas causas ainda não foram identificadas. O BNDESPar, braço do BNDES no mercado de capitais, tem cerca de 24% das ações da Copel, mas optou por não oferecê-las ao mercado.

Mercadante também comentou a privatização da Eletrobras. “[A privatização da Copel] é semelhante à privatização da Eletrobras. Lá, nós temos 43% das ações e R$ 40 bilhões em crédito, mas apenas um assento no Comitê. É uma empresa estratégica, integradora de energia, e o Estado não tem representação, mesmo sendo o acionista minoritário de referência. A exemplo da Light, quem é acionado na hora da crise é o Estado para aportar recursos e resolver os problemas. Nós não vamos abdicar do direito político, queremos respeito como qualquer outro investidor ao espaço a que nós temos direito nas empresas”, disse o presidente do banco.

Resultados

No primeiro semestre de 2023, os desembolsos do BNDES cresceram 21,6% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 40,6 bilhões. O lucro líquido do banco foi de R$ 9,5 bilhões, e lucro líquido recorrente, que exclui eventos de caráter esporádico e não-permanentes, foi de R$ 3,7 bilhões. Os retornos relacionados à Petrobras, que em 2022 teve lucro recorde de R$ 188 bilhões, foram classificados fora dos lucros recorrentes.

Em sua apresentação de resultados, o BNDES destacou os investimentos em economia verde. No primeiro semestre de 2023, R$ 10,7 bilhões dos investimentos estiveram vinculados a economia verde, segundo a instituição. Contabilizando os desembolsos desde 2015, o BNDES calcula já ter injetado R$ 7,2 bilhões em Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), o que retirou 100 milhões de toneladas de carbono da atmosfera.

A inadimplência atingiu o menor valor da história, segundo o banco, a 0,01% em 30 de junho de 2023. No Sistema Financeiro Nacional, a taxa de inadimplência entre grandes empresas foi de 1,06%. “O BNDES não sentiu, em sua carteira própria e indireta, os efeitos da piora do mercado de crédito”, informa o banco em nota.

(Atualizado em 18/08/2023, às 11h20)