O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou nesta semana dois contratos para captação no valor total de R$ 3,9 bilhões em recursos para investimentos em projetos de diversas áreas, incluindo desenvolvimento urbano, gasodutos, linhas de transmissão, hidrogênio verde e energias renováveis. Os acordos foram firmados durante a cúpula de líderes do G20.
O primeiro contrato foi assinado com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e visa a abertura de linha de crédito do CAF ao BNDES no valor de R$ 2,7 bilhões. A linha será focada no financiamento de projetos estratégicos no Brasil, para garantir e incentivar a reindustrialização sustentável, a economia verde, a inclusão financeira e a emissão de títulos temáticos, com impactos na economia e no meio ambiente.
Dentro deste acordo, contarão com recursos projetos de quatro áreas prioritárias. Um dos focos será o powershoring, que visa o apoio de plantas industriais novas ou reformadas com alto consumo energético para impulsionar a produção de bens manufaturados verdes. Na classificação do CAF, o powershoring refere-se à descentralização da produção para países próximos a centros de consumo e que oferecem energia renovável, segura, barata e abundante, além de outras virtudes para a atração de investimentos industriais.
Também foram incluídos no financiamento projetos de produção de hidrogênio verde, iniciativas que aumentem a produtividade de micro, pequenas e médias empresas (MPEs), bem como empreendimentos focados na melhoria da infraestrutura para atrair novas plantas industriais, o que engloba investimentos em linhas de transmissão, gasodutos, ferrovias e rodovias.
Outra área é a carteira verde, voltada para projetos que promovam a economia verde e social, abrangendo setores como eficiência energética, fontes renováveis, florestas, agricultura sustentável, infraestrutura, saneamento, educação e desenvolvimento urbano.
Por fim, a linha de crédito também financiará a emissão de títulos temáticos, proporcionando garantias parciais ou adquirindo emissões realizadas pelo BNDES. Entre os títulos elegíveis estão os verdes, sociais, sustentáveis e com enfoque de gênero.
“O contrato do BNDES com a CAF é o início de uma parceria importante para as duas instituições e contribuirá para que o banco brasileiro amplie o apoio em investimentos que promovam a transição energética, tornando o país altamente competitivo no mercado internacional”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
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Recursos para a Amazônia legal e para o Nordeste
Com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), o BNDES assinou contrato para captação no valor de R$ 1,2 bilhão. Os recursos da AFD serão destinados a investimentos em projetos de saneamento, desenvolvimento urbano e energias renováveis na Amazônia Legal e no Nordeste.
“A operação marca a retomada da parceria estratégica entre o BNDES e a Agência Francesa de Desenvolvimento para promover investimento em áreas fundamentais, como saneamento básico e o desenvolvimento urbano, nas regiões do país que são mais carentes, como a Amazônia Legal e o Nordeste”, disse Mercadante.
Parceria com a China
Além dos contratos, o BNDES firmou com o China Development Bank (CDB), no âmbito da visita oficial do presidente Xi Jinping ao Brasil, a primeira operação de empréstimo em moeda chinesa, o Renmimbi (RMB).
No valor de RMB 5 bilhões (cerca de R$ 4 bilhões), o contrato assinado tem prazo de até três anos e visa apoiar investimentos do BNDES nos diversos setores da economia brasileira. O banco de fomento brasileiro não divulgou as áreas do acordo.
“A parceria do Banco com a China é histórica, desde 1997, resultando em cooperação em projetos de interesse da China e do Brasil. O empréstimo em moeda chinesa é um passo importante para diversificar as opções dos empresários brasileiros, sobretudo aos exportadores, porque tem a proteção cambial natural decorrente de suas exportações”, explicou o presidente do BNDES.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também assinou 37 acordos com o presidente chinês Xi Jinping, compreendendo a abertura de mercado para produtos agrícolas, intercâmbio educacional e cooperação tecnológica. As iniciativas abrangem também áreas de comércio e investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde e cultura, entre outras áreas.
Um grupo de trabalho terá dois meses para apresentar os projetos prioritários de cada país no âmbito da cooperação.
Segundo informações do Planalto, no Brasil, os investimentos poderão ser feitos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) e dos planos Nova Indústria Brasil, Transformação Ecológica e Rotas da Integração Sul-americana. Pelo lado chinês, os projetos serão selecionados no escopo da iniciativa Cinturão e Rota, programa de infraestrutura chinesa no exterior.