O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, afirmou que cerca de R$ 1,6 bilhão do Fundo da Marinha Mercante, sobre o qual o BNDES responde por 75%, será dedicado a projetos de óleo e gás. Fazem parte deste escopo projetos de descomissionamento, módulos para FPSOs, embarcações de apoio e navios-tanque. Também há expectativa de projetos com “maior descarbonização”.
No total, o Fundo da Marinha Mercante deve investir R$ 6,6 bilhões neste ano, com mais R$ 5 bilhões em infraestrutura e logística, incluindo transporte fluvial. Com isso, há um salto de sete vezes nos investimentos do Fundo, que somaram R$ 707 milhões em 2023, sendo R$ 484 milhões para a área de óleo e gás.
As informações foram passadas por Mercadante durante o evento “Transição energética no mar – visão do Brasil”, realizado pelo BNDES e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta segunda-feira, 29 de abril, no Rio de Janeiro.
O presidente do BNDES também adiantou que o banco irá lançar um edital para estudos do potencial brasileiro na área naval. Segundo ele, há uma oportunidade para a economia do país, considerando a experiência brasileira na área industrial e em biocombustíveis. “Temos que fazer um diagnóstico rigoroso sobre nossa expertise, capacidade de construção. Não repetir os erros do passado, que não foram pequenos. Temos uma curva de aprendizado e nos recusamos à ideia de que o Brasil não pode atuar neste segmento”, disse.
Também participou do evento o secretário-geral da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) Arsênio Velasco. Segundo ele, o setor tem a meta de zerar as emissões líquidas até 2050, com objetivo de reduzir entre 20% e 30% até 2030, na comparação com 2008. Para 2040, o objetivo é reduzir pelo menos 70% das emissões, com objetivo de alcançar 80%.
Velasco ainda ressaltou que o setor naval não compete com o setor de aviação em relação aos combustíveis para a descarbonização. “Temos mais opções de combustíveis do que eles. Tomamos a decisão como organização de sermos agnósticos em relação a combustíveis e tecnologia”, disse.