
O governo do Brasil assinou 36 acordos de cooperação bilateral com a China, dos quais sete estão relacionados aos setores de inteligência artificial (IA), renováveis, transmissão, mineração, nucleares e de biocombustíveis.
Em discurso no Fórum Empresarial Brasil-China, com investidores chineses e brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou como a experiência chinesa de refino de minerais críticos contribuirá para valorizar a produção no Brasil, inclusive com transferência de tecnologia nos ciclos de montagem de baterias elétricas.
O presidente ainda criticou aqueles que reclamam que o Brasil só exporta commodities, destacando que as movimentações são importantes para o país.
“Temos que exportar agronegócio e utilizar esse dinheiro que entra para investir em educação, para podermos ser competitivos com a China na produção de carro elétrico, na produção de baterias, na construção de inteligência artificial. Ninguém vai dar isso de graça para nós brasileiros”, disse.
Para Lula, é necessária a integração da China com os países sul-americanos e caribenhos para o desenvolvimento da região.
“Isso fica evidente sobretudo na área de infraestrutura. O apoio chinês é decisivo para tirar do papel rodovias, ferrovias, portos e linhas de transmissão. Mas a viabilidade econômica desses projetos depende da capacidade de coordenação de nossos países para conferir a essas iniciativas escala regional”, destacou.
Acordos em inteligência artificial
Um dos memorandos de entendimento assinados prevê o reforço da cooperação em Inteligência Artificial entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China.
Outro acordo estipula a cooperação técnica entre as empresas Dataprev e a Sparkoo, subsidiária da Huawei, com foco na construção de infraestrutura e serviços que auxiliem na construção de uma infraestrutura nacional de dados de inteligência artificial.
Nesta segunda-feira, 12 de maio, o governo federal publicou uma resolução criando um grupo de trabalho responsável por operacionalizar a gestão do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). O grupo terá duração de quatro anos e será composto por representantes de 15 órgãos e entidades, com titulares e suplentes.
Lançado em julho do ano passado, durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, o PBIA tem investimento previsto de R$ 23 bilhões em quatro anos. O objetivo é transformar o país em referência mundial em inovação e eficiência no uso da inteligência artificial, especialmente no setor público.
Renováveis e transmissão
Outro memorando foi assinado entre a Casa Civil e a Comissão de Desenvolvimento e Reforma chinesa para o estabelecimento de sinergias entre o Programa de Aceleração do Crescimento, o Plano Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica, o Programa Rotas da Integração Sul-Americana e a iniciativa Cinturão e Rota (Nova Rota da Seda) da China.
Segundo a Casa Civil, a assinatura faz parte da primeira etapa de cooperação entre os países celebrado em novembro de 2024, quando as equipes coordenam trabalhos para impulsionar projetos de cooperação tecnológica e produtiva nas áreas tecnologia e inovação; inteligência artificial; energias renováveis transmissão de ultra-alta tensão; entre outros segmentos.
Mineração e nucleares
O Ministério de Minas e Energia (MME) ainda assinou acordo para estudar o desenvolvimento sustentável da mineração com a Comissão Nacional de Desenvolvimento da China.
“Esse documento representa um passo decisivo para acelerar o avanço tecnológico, atrair investimentos e fortalecer a mineração sustentável como vetor de crescimento econômico e transição energética. Vamos unir forças em projetos que geram desenvolvimento, inovação e segurança energética, atendendo a agenda global de descarbonização”, afirmou o ministro Alexandre Silveira.
Já a Comissão Nacional de Energia Nuclear assinou acordo com a Autoridade de Energia Atômica da China para cooperação no desenvolvimento sustentável da energia nuclear.
Etanol
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também assinou acordo visando a abertura do mercado chinês para o etanol brasileiro. O documento prevê a aplicação do etanol de baixo carbono por meio do intercâmbio de experiências sobre as vantagens econômicas, ambientais, sanitárias e de geração descentralizada.
“O Brasil é referência mundial na produção de etanol e de biocombustíveis, e queremos cooperar com a China no avanço da descarbonização do setor de mobilidade, assim como temos feito aqui com o Combustível do Futuro. Além disso, aumentando as exportações, estamos gerando emprego e renda para o nosso país em toda a cadeia sucroenergética, muito importante para o desenvolvimento econômico e social”, destacou Alexandre Silveira.