Economia e Política

Brasil deve atender 47,8% da demanda global de créditos de carbono no mercado voluntário

A segunda edição do estudo Oportunidade para o Brasil em Mercados de Carbono, produzido pela consultoria WayCarbon em parceria com a Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil), estima que o Brasil deverá atender 47,8% da demanda global de créditos de carbono no mercado voluntário e 28% no mercado regulado até 2030, obtendo até US$ 120 bilhões em receitas.

Eco concept – light bulb grow in the grass
Eco concept – light bulb grow in the grass

A segunda edição do estudo Oportunidade para o Brasil em Mercados de Carbono, produzido pela consultoria WayCarbon em parceria com a Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil), estima que o Brasil deverá atender 47,8% da demanda global de créditos de carbono no mercado voluntário e 28% no mercado regulado até 2030, obtendo até US$ 120 bilhões em receitas. 

Para atingir o potencial brasileiro e entender quais caminhos devem ser seguidos, a WayCarbon conversou com agentes do segmento, para entender quais os principais obstáculos para o mercado no Brasil, entre eles, traders e brokers, auditores de terceira parte, compradores finais, financiadores, implementadores da atividade, desenvolvedores de projeto, comunidade e beneficiários locais. 

A primeira barreira aponta pelos entrevistados, foi a ausência de um mercado regulado no Brasil ou de algum nível de regulação para o mercado voluntário. Para eles, a ausência de um arcabouço regulatório dificulta a implementação de projetos de REDD+ jurisdicionais que demonstra ser altamente dependente de um panorama de regulamentações de mercado”, aponta o levantamento. 

Outros empecilhos apresentados foram: questões políticas e econômicas, baixa maturidade do mercado de carbono, difícil valoração de cobenefícios, assimetria e falta de transparência do mercado e mercadológica, que podem dificultar a escalabilidade dos projetos, assim como a oferta ou demanda. 

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Além disso, os agentes encontram questões técnicas, relacionadas tanto à complexidade de aplicação das metodologias existentes relacionadas à geração do crédito, quanto ao desenvolvimento de tecnologias e qualificação dos profissionais envolvidos nos projetos, como uma dificuldade para o crescimento desse mercado. 

“Esperamos que, assim como na edição passada, este estudo ofereça subsídios para negociadores, formuladores de políticas, comunidade empresarial e sociedade amplamente, não apenas em preparação à COP 27 e outros fóruns, mas para a ação climática de fato”, afirma Gabriella Dorlhiac, diretora-executiva da ICC Brasil. 

Nesse sentido, o estudo propõe diversas medidas para a evolução do mercado. Entre elas está uma recomendação aos governos federal, estadual e municipal para incentivarem e apoiarem fortemente o desenvolvimento de metodologias que considerem a realidade climática do país, por meio da destinação de verba para o desenvolvimento de estudos e capacitação do segmento.

Além disso, destaca a necessidade de ações, fora do setor privado, de apoiar o desenvolvimento profissional e o aumento do conhecimento científico na área, promovendo debates, cursos e seminários, bem como ampliar o esforço de redução e remoção das emissões de gases de efeito estufa (GEE) investindo no desenvolvimento tecnológico e na inovação.

Projetos de carbono

A maior parcela de projetos de crédito de carbono no país foi registrada nos segmentos de energia renovável (108), florestais (28), tratamentos de resíduos (18) e pecuária (15). 

Por estado, a maior parte dos projetos foi registrada em Minas Gerais (21), seguido por São Paulo (20), onde prevalecem projetos de energia renovável. Já os projetos florestais estão predominantemente localizados no Norte do país (21), principalmente no estado do Pará, onde nove dos 15 projetos registrados são florestais, podendo ser observados também na Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.

“Apesar de ser uma ferramenta da transição, ele consegue incentivar empresas a diminuírem suas emissões, tornando-se emissoras de créditos e auxiliar empresas cuja transição será um pouco mais demorada”, afirma Gabriella Dorlhiac, diretora-executiva da ICC Brasil.