
A indústria global de turbinas a gás poderá enfrentar gargalos significativos para atender à crescente demanda energética até 2040. De acordo com relatório da consultoria Wood Mackenzie, cerca de 890 GW de nova capacidade de geração a gás natural devem ser adicionados globalmente nos próximos 15 anos, pressionando a cadeia de suprimentos do setor.
O volume pode levar a possíveis restrições na fabricação de turbinas e aumento de custos, em meio a um cenário de aumento da demanda global por energia e de queda nos preços de equipamentos destinados às renováveis e ao armazenamento de energia. Em 2024, os pedidos de turbinas a gás aumentaram 32% em relação ao ano anterior, impulsionados pelo crescimento da eletrificação, do uso da inteligência artificial e da produção de hidrogênio.
A Wood Mackenzie projeta que, já em 2025, a capacidade de fabricação das turbinas poderá atingir 90% de utilização, o que pode levar a atrasos na construção de novas usinas. Com esse panorama, a consultoria destaca que desenvolvedores nos Estados Unidos podem considerar 2030 como janela estratégica para viabilizar novos projetos de ciclo combinado a gás natural.
A análise ainda observou que os altos custos de capital nos Estados Unidos e os baixos preços do mercado de energia representam obstáculos, enquanto na Ásia os preços altos do gás importado podem limitar o crescimento. Na Europa, as metas de descarbonização estão reduzindo o consumo de gás natural até 2040.
“Embora os mercados de energia demandem energia a partir do gás natural como parte da transição energética até 2040, o papel do gás terá limites. Os altos custos dos combustíveis em algumas regiões, o aumento dos custos de construção e a contínua queda nos custos de energias renováveis e de armazenamento limitarão o potencial de crescimento do gás”, disse David Brown, diretor de Pesquisa em Transição Energética da Wood Mackenzie.
Tecnologias emergentes e incertezas no setor
O relatório destaca que as tecnologias de captura e armazenamento de carbono e o uso de hidrogênio podem representar tanto oportunidades quanto desafios para o futuro do gás natural.
A expansão da capacidade de fabricação de turbinas a gás é outra consideração do relatório, já que a capacidade atual pode atender as instalações projetadas até 2040, mas fabricantes estão cautelosos quanto aos planos de expansão de longo prazo.
Outro ponto de incerteza está no uso de gás natural por data centers. Grandes empresas de tecnologia têm cancelado projetos recentes, o que levanta dúvidas sobre o papel do combustível nesse segmento.
Panorama regional do gás natural
No cenário base considerado pela Wood Mackenzie, os Estados Unidos devem utilizar o gás natural como fonte de energia para impulsionar o setor de Inteligência Artificial. A Europa, por sua vez, continuará usando o gás para garantir flexibilidade diante da expansão das fontes renováveis.
Na América Latina, o gás natural será usado para suprir picos de demanda, enquanto no México a participação da fonte deve diminuir com o avanço das energias renováveis. Na Ásia-Pacífico, espera-se um crescimento marginal, e a Índia deve priorizar o carvão e as renováveis como principais fontes de energia.