A Copel avalia que há necessidade premente de potência no sistema, e por isso a portaria com as regras para o leilão de reserva de capacidade anunciado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) desde 2023, deve sair ainda em novembro. Segundo o presidente da companhia, Daniel Slaviero, haveria necessidade de conferir maior segurança ao sistema “já um pouquinho para o final de 2026” e para os dois anos seguintes.
“Nossa visão é que é uma questão realmente de dias, se não semanas, para que isso [a portaria com as regras do leilão] possa sair”, disse o presidente da Copel. Com o edital publicado em novembro, Slaviero avalia que o leilão deve acontecer no final do primeiro trimestre de 2025.
Assim, a Copel se prepara para participar do certame de forma “bem competitiva”, com expectativa de que haja “volume bastante razoável para hídricas”.
Por outro lado, a companhia, que disputou de forma acirrada com a Taesa um dos lotes do último leilão de transmissão, não pretende participar de outros certames deste tipo em 2025 ou 2026. Segundo a Copel, a participação neste último leilão de transmissão ocorreu porque havia sinergias com as operações existentes. Assim, para os próximos anos, a companhia planeja aproveitar oportunidades mais “orgânicas”, como o leilão de reserva de capacidade.
A diretoria da Copel realizou nesta quinta-feira, 7 de novembro, teleconferência com investidores sobre o resultado do terceiro trimestre.
Discussão ativa em curtailment
A Copel registrou curtailment na casa de 23% em sua geração eólica – o que não representou grande impacto nos resultados globais da companhia, segundo os executivos, em função de sua grande diversificação.
Mesmo assim, a Copel pretende fazer uma discussão ativa sobre o assunto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ministério de Minas e Energia (MME) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
“É uma realidade que precisa de um endereçamento estrutural. Ninguém gosta de deixar dinheiro na mesa, ainda mais dinheiro que não era muito previsto na realidade operativa até, pelo menos, meados do ano passado”, disse Slaviero.
Apesar das contestações, a companhia entende que os cortes vieram para ficar e devem continuar ocorrendo em níveis mais baixos, a partir de um tratamento “mais equilibrado” do ONS.
Preços e comercialização
Apesar do arrefecimento dos preços em função da melhora da hidrologia, a Copel acredita que a volatilidade deve continuar. “Mesmo com essa chuva, a gente ainda não está vendo uma recuperação relevante dos reservatórios. A gente entende que ao fim dela, haverá boas oportunidades para travar a energia disponível ainda para a venda de 2026”, disse o diretor-geral da Copel Comercialização, Rodolfo Lima.
A companhia avalia que a diferença de curva de geração horária, que teve bastante desvio do padrão em setembro, já está arrefecendo em outubro em tendência que deve levar o risco a ser quase zero em dezembro. “Mas olhando o portfólio da Copel como um todo, a gente tem um percentual muito pequeno de contratos que nos trazem esse tipo de exposição, seja a modulação do perfil de geração solar, seja a exposição de submercado”, avaliou o presidente da empresa, Daniel Pimentel.
A diretoria da Copel também comentou os “rumores que mais de uma comercializadora de porte razoável estariam com dificuldades financeiras”. Sobre este panorama, Daniel Slaviero acredita que “essa não foi a primeira e nem será a última vez que isso acontece, ainda mais com essa nova realidade de mercado, que contém variações abruptas de preços, risco de submercados, modulações, entre tantas outras características”.
Resultados
No terceiro trimestre de 2024, a Copel registrou lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, com um crescimento de 175,9% na comparação anual. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi de R$ 1,5 bilhão no período, o que representa avanço de 91% em um ano.
O bom desempenho foi beneficiado pela conclusão da venda da participação da Copel na Companhia Paranaense de Gás (Compagas) e na termelétrica a gás UEG Araucária (UEGA), que incrementaram em R$ 430 milhões e R$ 174,5 milhões, respectivamente, o lucro líquido do trimestre. Também houve, no período, a venda de terrenos da divisão de Geração e Transmissão da Copel, com lucro líquido aproximado de R$ 176 milhões.
A venda dos terrenos deve evitar uma despesa anual de R$ 5 milhões, segundo a diretoria da Copel.
Na teleconferência, a companhia também destacou que este foi o primeiro trimestre em que aparecem alguns efeitos do plano de demissão voluntária (PDV) executado após a privatização da empresa e que eliminou 1.393 postos de trabalho no último ano.
Segundo o diretor financeiro da Copel, Felipe Gutterres, o custo com pessoal retraiu em 7,7%. “Se a gente isola a inflação acumulada no período, a gente teria uma redução de 11,3%, ou R$ 25 milhões nos custos com o pessoal, em linha com a referência de redução dos custos que a companhia informou anteriormente”, disse. Segundo o executivo, os efeitos integrais do PDV devem aparecer no quatro trimestre.