A 2W Ecobank publicou comunicado na noite desta segunda-feira, 3 de dezembro, no qual confirmou conduzir um processo de renegociação de dívidas e que está analisado diversas opções de reestruturação, sendo que nenhuma das alternativas foi “descartada neste momento”.
A nota foi uma resposta ao questionamento da Comissão de Valores Imobiliários (CVM) após matéria publicada pelo jornal Valor Econômico sobre a possibilidade de uma recuperação judicial depois de a empresa entrar em conflito com parte de seus credores.
No comunicado, Marcos Guedes Pereira, vice-presidente Financeiro e diretor de Relações com Investidores, disse que a notícia está em linha com a proposta da administração devidamente divulgada pela companhia em 1º de novembro de 2024 como material de apoio para a assembleia geral de debenturistas convocada para 6 de dezembro de 2024.
Na proposta, a 2W sugeriu uma renegociação das condições das debêntures existentes tendo como pressuposto uma troca de controle acionário na companhia, com a saída, troca ou diluição dos atuais acionistas controladores e o ingresso do investidor estratégico como acionista controlador – operação essa integrante da reestruturação.
Proposta para os credores da 2W
A companhia diz que passou a enfrentar “com maior intensidade” restrições de liquidez que a impedem de adimplir as obrigações contratadas em três emissões de debêntures existentes.
Em agosto de 2024, a 2W ajuizou medida cautelar antecedente para assegurar o resultado útil do procedimento de mediação instaurado perante a Câmara Especial de Resolução de Conflitos em Reestruturação de Empresas, tendo como objetivo renegociar suas dívidas, diante da crise financeira por ela enfrentada. A cautelar está em trâmite junto à 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo.
Um mês depois, o desembargador relator da 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do TJSP deferiu a antecipação de tutela pretendida pela 2W na cautelar e determinou a suspensão das execuções movidas contra a 2W pelo prazo de até 60 dias.
Diante disso, a 2W Ecobank apresentou proposta de renegociação das condições das debêntures existentes sugerindo a troca de controle acionário na companhia, com a saída, troca ou diluição dos atuais acionistas controladores e o ingresso do investidor estratégico como acionista controlador, operação integrante da reestruturação.
“Tal operação de M&A (sigla em inglês para fusão e aquisição) [é] entendida como o caminho preferencial e desejável a todas as partes envolvidas como parte integrante das propostas ora apresentadas de renegociação e reestruturação”, diz comunicado do dia 1° de novembro.
O ano da empresa
A 2W Energia enfrenta uma crise diante do atraso de alguns projetos e de problemas com o preço da energia vendida e o custo da dívida da empresa para construir seus empreendimentos.
Uma troca de controle foi estudada três meses antes da cautelar mediante proposta não vinculante da Matrix Energia. Entretanto, conforme antecipado pela MegaWhat, a Matrix desistiu da aquisição da 2W após encontrar questões difíceis de serem superadas, como custo de dívida alto e problemas com fornecedores de equipamentos.
Depois da desistência, a 2W Ecobank informou a saída de Claudio Ribeiro da presidência, cadeira que ocupava desde outubro de 2019. Na sequência, uma carta de demissão assinada pelos conselheiros Karina Bortoni, João Bezerra Leite, Marcos Cardoso Costa e Roberto Altenhofen foi entregue à companhia.
A falta de atualização sobre a situação financeira da 2W Ecobank nos últimos meses foi apontada com um dos motivos para a renúncia de quatro membros do conselho da empresa, que afirmaram estarem “cientes” da reestruturação pela qual a companhia estava passando, mas apontaram que “nos últimos meses” o conselho não tem sido “suficiente atualizado sobre a situação da empresa”.
Em agosto, dias antes da cautelar, foi a vez de Ricardo Levy, que assumiu a presidência da companhia no lugar de Claudio Ribeiro, comunicar sua renúncia “por motivos de ordem pessoal”.