A Acelen, braço do fundo de investimentos árabe Mubadala, prevê investir cerca de R$ 12 bilhões na produção de diesel verde (HVO) e bioqueresene de aviação (SAF) nos próximos dez anos. O plano de investimentos foi assinado junto com memorandos de entendimento (MoU) da empresa com o governo da Bahia, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.
Segundo a empresa, a meta é estabelecer uma cadeia verticalizada na refinaria de Mataripe (antiga RLAM), que recentemente começou a produzir óleo diesel marítimo, aproveitando a infraestrutura existente de tancagem e logística da unidade para produção e distribuição dos combustíveis renováveis.
Parte dos R$ 12 bilhões devem ser usados na produção de 1 bilhão de litros por ano dos biocombustíveis, cerca de 20 mil barris/dia, contribuindo para uma redução de até 80% as emissões de CO2 com a substituição do combustível fóssil, conforme estimativa da Acelen.
Inicialmente, a produção do HVO e do SAF será feita visando o mercado externo. “Produziremos combustível sustentável em escala global, inserindo o Brasil no desenvolvimento da cadeia sustentável internacional. Este será o primeiro projeto da Acelen em combustíveis renováveis. Nosso foco será principalmente o mercado externo, neste primeiro momento, produzindo divisas relevantes para o país”, afirmou Luiz de Mendonça, CEO da Acelen, em comunicado.
Ainda de acordo com o executivo, a fabricação pode ser destinada também para o mercado interno quando o Brasil avançar com as discussões sobre políticas de incentivo para a produção e consumo de combustíveis renováveis no país.
Outra parte dos investimentos será utilizada para pesquisas de desenvolvimento e inovação do uso do óleo de soja, óleo de Macaúba, e óleo do dendê na produção de combustíveis renováveis. Segundo a Acelen, cerca de 200 mil hectares serão destinados ao plantio das sementes das dessas plantas, priorizando terras degradadas. O plantio deve iniciar em 2025, conforme informações da empresa.
Também está previsto no plano de investimentos da companhia a criação de um laboratório de germinação de sementes em escala industrial, via investimentos em pesquisas com instituições públicas e privadas dentro e fora do Brasil.
“Faremos estudos e pesquisas em inovação para desenvolvimento científico, trabalhando desde a semente da Macaúba, para melhoramento genético, passando pela mecanização da cultura, até o biorefino. Atuaremos com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado, com o Senai Cimatec, da Fieb, e uma série de entidades e universidades”, disse Marcelo Lyra, vice-presidente de Relações Institucionais da Acelen.
Além disso, a companhia prevê construir uma unidade de geração de hidrogênio sustentável, para o hidrotratamento dos combustíveis. A previsão é iniciar as obras em janeiro de 2024.
“O caminho da transição energética da Acelen começou já no início de suas operações, com a modernização da Refinaria de Mataripe e redução do seu impacto ambiental. Agora, estamos dando um passo estratégico na nossa missão de protagonismo na transição energética de maneira sólida, com um projeto único e transformador, renovando o compromisso da empresa com um futuro mais sustentável”, afirma Luiz de Mendonça.