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Aeris espera baixa histórica na produção e traça rota para retomada em 2026

Aeris - Foto Tauan Alencar (MME)
Fabricante de pás Aeris/ Crédito: Tauan Alencar (MME)

A Aeris está vivendo o momento de maior baixa em seus pedidos e projeta em 2025 o seu menor ano de produção desde 2013. Segundo Alexandre Negrão, CEO da fabricante de pás eólicas, após ficar um ano sem negociar contratos, a empresa seguirá ajustando sua estrutura de capital e operacional para se preparar para a retomada gradual do mercado a partir de 2026.

Em teleconferência para a apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2025, o executivo destacou a importância da recente renegociação de dívidas concluída no final de março, que trouxe alívio financeiro para a companhia. Ele também mencionou as negociações em andamento com instituições financeiras, além de iniciativas voltadas à reativação da demanda na indústria eólica, como o Fundo Clima e a extensão dos benefícios das tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição (Tust e Tusd) em 2023.

“Os movimentos foram feitos para impulsionar a demanda, mas, na prática, não vimos se materializar. Também existe a perspectiva de mais contratos neste ano para O&M e utilities, mas ainda é pouca coisa. Continuamos com perspectivas baixas para 2025 e 2026 no setor, com uma retomada maior em 2027 e 2028”, destacou.

O CEO da Aeris ainda destacou a crise enfrentada pelo setor eólico brasileiro, com ênfase na paralisação de quase toda cadeia produtiva por ausência de demanda e contratos. A partir de dados da BloombergNEF, o executivo apontou que os investimentos em energia eólica caíram drasticamente de R$ 5,6 bilhões (2023) para R$ 1,8 bilhão (2024), com expectativa de retração na expansão da fonte até 2027, e retomada a partir de 2028, podendo atingir um pico de 5,2 GW em 2031.

Apesar do cenário adverso, Negrão disse que mantém otimismo no médio e longo prazo, apostando em fatores como o avanço da produção de hidrogênio verde, a chegada de grandes consumidores de energia – como os data centers – e as negociações com o governo federal para criar uma nova regulamentação que mitigue os cortes de geração (curtailment).

Questionado sobre a inserção de baterias no Brasil e sua integração com ativos de geração, o executivo avaliou que esse movimento deve ocorrer no futuro, considerando tendências globais. No entanto, disse ser prematuro afirmar o impacto direto das baterias sobre o mercado eólico nacional neste momento.

Dívida e reestruturação financeira da Aeris

Após ganhar novo prazo para quitar dívidas com investidores de debêntures, a Aeris está avançando a renegociação de débitos com os bancos. Segundo o CEO, aproximadamente 90% da dívida da companhia será repactuada.

Para o executivo, o alongamento foi um passo importante para a empresa, em meio à baixa no número de pedidos da indústria eólica.

“Foi um passo relevante para darmos mais previsibilidade e equilíbrio à nossa estrutura de capital, aumentando assim a nossa liquidez nos próximos dois anos. Nesta semana, vamos para mais uma renegociação, que foi a aprovação com o banco, em parâmetros muito similares com as debêntures, e esperamos, até ao final desta semana, executar mais duas renegociações”, destacou o diretor-financeiro da fabricante, José Azevedo.

De acordo com o diretor, a Aeris renegociou 73% da dívida total, atualmente em R$ 1,6 milhões.

Desempenho da Aeris no 1T25

A fabricante de pás eólicas contabilizou prejuízo líquido de R$ 94,5 milhões no primeiro trimestre do ano.

O Ebitda (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 11,4 milhões, queda de 73,3% na mesma base de comparação, enquanto a dívida líquida ficou em R$ 1.507,7 milhões, elevação de 94,6%.  

Já a receita líquida alcançou R$ 210,3 milhões, redução de 59,2%.

Da receita total do primeiro trimestre do ano, 64,2% são provenientes do mercado interno, enquanto o mercado externo respondeu por 11,6%. Segundo a companhia, a distribuição reflete uma mudança estratégica do cliente, que direcionou a demanda para o mercado doméstico.

O segmento de serviços, que representou 17,7% da receita total, foi afetado por fatores sazonais característicos do início do ano, principalmente nos Estados Unidos.

A comercializadora de energia da empresa, por sua vez, respondeu por 6,5% da receita do trimestre.  

Em sua apresentação, José Azevedo chamou a atenção para a mudança no mercado entre os trimestres devido à queda brusca nos pedidos e destacou os números da empresa na comparação com o último trimestre de 2024, quando tinha dez linhas de produção ativa. No último trimestre, a companhia operou duas linhas de produção.

A companhia ainda destacou melhorias na eficiência dos processos produtivos, a estabilização das linhas em ramp-up e o investimento de R$ 8,2 milhões realizados no período.

Resultado Operacional

Aeris Energy entregou 1.147 MW em pedidos no primeiro trimestre do ano. Além disso, o potencial máximo de ordens cobertas por contratos de longo prazo foi de 6,6 GW na etapa, abaixo dos 12,2 GW registrados no mesmo período de 2024.