A fabricante de pás eólicas Aeris espera fechar os primeiros contratos para o segmento de geração offshore no próximo ano. No exterior, a companhia já tem negociações avançadas com parceiros e, no Brasil, enxerga uma aceleração da regulamentação do segmento, prevista para o curto prazo.
Por enquanto, a companhia tem duas negociações paralelas para fabricação de pás para eólica offshore no exterior, disse Bruno Vilela, presidente da companhia, em teleconferência sobre os resultados do terceiro trimestre do ano.
“Temos dois principais clientes olhando o mercado offshore americano, mas não excluindo o resto do mundo”, disse o executivo. Segundo ele, as duas negociações estão em paralelo, e a Aeris pode entrar tanto em parceria com um cliente quanto de forma independente no segmento de offshore.
No Brasil, Vilela também aposta que em breve a Aeris vai começar a produzir pás para offshore, uma vez que a fabricação é parecida com a de pás onshore e ele espera que a regulamentação saia ainda neste ano. “Em 2022, com certeza vamos anunciar contratos de offshore, na fábrica no Brasil e também internacionalmente”, disse. No caso do Brasil, a produção começará posteriormente, já que as fábricas estarão com capacidade tomada no próximo ano.
O amadurecimento das linhas de produção da Aeris foi um dos assuntos mais discutidos na teleconferência. A companhia informou na noite de ontem, 9 de novembro, que obteve lucro líquido de R$ 9,3 milhões no terceiro trimestre do ano, redução de 83,5% em relação ao resultado do mesmo período de 2020.
O resultado refletiu, entre outras questões, a queda de receita da companhia na base anual, devido ao processo de instalação de novas linhas de produção e descomissionamento de linhas existentes. No trimestre, uma linha de produção atingiu a maturidade, duas novas linhas foram instaladas, e três linhas de produção foram descomissionadas, resultando em cinco linhas não maduras e dez linhas maduras ao fim do período.
Durante a teleconferência, o presidente da Aeris chegou a se queixar do destaque dado à queda do lucro, por ser uma informação “não relevante” para a tomada de decisão de investidores, diante desse cenário de muitas linhas não maduras.
“Se alguém vender a ação por causa disso, está tomando a decisão errada, e acho que nós temos que tomar cuidado com isso”, disse Vilela.
Segundo o executivo, o grande interesse do mercado por empreendimentos de geração eólica ainda vai render uma grande demanda para a companhia no médio a longo prazo. “Há uma oportunidade grande na cadeia e vamos capturar. Não enxergo novos entrantes, e é um crescimento muito agressivo, tem que ser feito de maneira muito racional, para quem ninguém atropele ou dê passo maior que a perna”, afirmou Vilela.
Mesmo com toda essa movimentação no mercado, os executivos da Aeris não enxergam chances de mudanças grandes nas linhas de aerogeradores fabricados no país no curto prazo, o que reduz risco de novas transições entre linhas maduras e linhas novas nos próximos dois a três anos, trazendo mais estabilidade para o negócio.
“A maior probabilidade aqui é de aumentar a linha desses produtos, o que gera menos estresse em aprendizado, porque a adição de linhas de produtos conhecidos tende a amadurecer em um a dois trimestres no máximo”, disse Bruno Lolli, diretor de planejamento e de relações com investidores da Aeris.