A fabricante de pás para aerogeradores Aeris aposta na expansão do mercado brasileiro de eólica offshore, mas voltado apenas para exportação, afirmou Bruno Vilela, CEO da companhia, durante teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre do ano com investidores e analistas.
Segundo a companhia, as grandes empresas brasileiras, principalmente de óleo e gás, devem utilizar eólicas offshore para captação de hidrogênio verde, porém, será apenas para exportação. A justificativa é de que “não existem componentes disponíveis para criação de um mercado interno”, afirmou Vilela, ao final da teleconferência.
O executivo ressaltou que a guerra da Ucrânia acelerou o processo pela busca de segurança energética, principalmente na Europa, motivados pelos altos preços e o medo de um possível apagão. Por isso, a União Europeia deve estabelecer metas de instalações de energia eólica offshore e onshore, o que pode representar um aumento na demanda em médio e longo prazo.
“A Europa vai voltar a ser um grande mercado, até maior que os Estados Unidos. Lá, está acontecendo um grande gargalo de licenças, e a UE tem trabalhado para padronizá-las. Muitos parques vão para leilões, e isso vai impactar em uma diminuição na disputa dos nossos clientes com os deles”, afirmou Bruno Vilela.
No curto prazo, mesmo com a alta demanda para novas instalações, a companha acredita que não irá ocorrer uma disparada em projetos offshore, graças aos elevados preços da matéria-prima. “Boa parte da indústria está sofrendo com o aumento dos materiais e não estão repassando para o cliente final”.
Sobre expandir para outros países, a Aeris pensa em ir para o estado de Nova York, nos Estados Unidos, caso o pacote de infraestrutura do presidente Joe Biden seja aprovado. “Se a regra facilitar, devemos construir uma fábrica de eólica offshore lá”, disse o presidente da Aeris. Segundo a empresa, alguns clientes também estão de olho no estado americano, graças aos benefícios e a demanda local.
Financeiro do trimestre
A Aeris reportou lucro líquido de R$ 1,2 milhão no 1T2022, redução de 94,6% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Bruno Lolli, diretor de Relações com Investidores da companhia, afirma que o resultado é decorrente de uma redução em duas linhas de produção que estavam dedicadas para exportação e do efeito de amadurecimento das linhas. “Boa parte da queda é devido ao menor volume exportado para um grande cliente”, disse o executivo.
Foram registrados no período 18 linhas de produção ativas, sendo 11 maduras e sete em estágio de maturação. Em 2021, eram 15 em funcionamento, sendo 10 maduras e cinco em processo de amadurecimento.
Entre janeiro e março, a receita líquida totalizou R$ 536,8 milhões, redução de 20,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A justificativa dos executivos foi a venda de pás eólicas, que apresentou queda de 11,1% em termos de megawatts (MW) em relação ao último trimestre do ano passado.
A dívida líquida da Aeris no primeiro trimestre deste ano aumentou 17,4%, para R$ 731,4 milhões. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 13,0% no trimestre, para R$ 54,323 milhões.