A AES Brasil planeja alcançar, até 2025, a marca de 30% de participação de mulheres em cargos de alta liderança da companhia, que desde o fim de 2020 é comandada pela economista Clarissa Sadock. Hoje, a representação feminina em posições a partir da gerência da empresa é de 17%.
A meta faz parte dos novos compromissos de ESG (sigla em inglês para questões de meio ambiente, sociais e de governança) da companhia para 2030, definidos pelo comitê de sustentabilidade e aprovados pelo conselho de administração da elétrica no fim do ano passado.
A definição dos novos compromissos foi feita a partir de uma revisão das metas anteriores e de um alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Na prática, os novos compromissos marcam uma mudança de olhar da companhia para o tema.
Histórico de ESG
Segundo a diretora de Estratégia e Sustentabilidade da AES Brasil, Erika Lima (foto), a empresa tem um histórico de diretrizes voltadas para a sustentabilidade desde 2012. “O ESG é algo que nós já trazemos desde 2012”, disse a executiva, em sua primeira entrevista após assumir o cargo no início deste ano. A mudança agora, explicou ela, que veio da área de relações com investidores (RI) do grupo, é que a companhia focou nos ODS e selecionou, dentre os 17 objetivos, quais se integram às atividades da empresa e que podem endereçar a estratégia do grupo.
Um dos avanços da nova agenda ESG da geradora é a definição de compromissos claros e objetivos. Segundo Andrea Santoro, coordenadora de Sustentabilidade da AES Brasil, o estabelecimento de metas objetivas facilita a transmissão da mensagem para os stakeholders e para a própria força de trabalho, que precisa incorporá-las em seu dia a dia para que elas sejam alcançadas.
“São 500 e pouco colaboradores trabalhando de fato para colocar em prática as medidas de ESG”, afirma Andrea, em referência a toda a força de trabalho da empresa no Brasil. Além disso, 40% das metas dos executivos da geradora estão atreladas a ESG.
Novo plano
Dentro da nova estratégia ESG, a companhia definiu três temas principais. No pilar de meio ambiente, foi priorizado o tema das mudanças climáticas. No aspecto social, o tema definido foi “diversidade, equidade e inclusão”. E, com relação à governança, o tema estabelecido foi “ética e transparência”.
Com relação à governança, a AES Brasil deu um passo importante em março do ano passado, quando as ações da companhia passaram a ser negociadas no Novo Mercado da B3, o nível mais elevado de governança corporativa da bolsa de valores brasileira. Lima destaca ainda que a companhia é a única empresa com rating “AAA” na América Latina na classificação ESG do MSCI.
Metas
A estratégia da companhia envolve metas relativas a seis ODS prioritários. A meta de ampliação da participação feminina em cargos de alta liderança está relacionada a “Igualdade de Gênero” (ODS 5).
Outra meta, relacionada a “Energia Limpa e Acessível” (ODS 7) e “Indústria, Inovação e Infraestrutura” (ODS 9), prevê a colaboração para que clientes da companhia evitem a emissão de 582 mil tCO2e de gases de efeito estufa ao ano. “A partir da nossa geração atual, dos projetos em construção e do nosso pipeline de projetos, os clientes vão ter essas emissões evitadas”, explica Santoro.
A AES Brasil possui capacidade instalada operacional e em construção de 4,2 gigawatts (GW), exclusivamente renovável. Além disso, a carteira de projetos da geradora soma mais de 4,6 GW.
Com relação à “Redução das Desigualdades” (ODS 10), a AES Brasil tem a meta de, até 2030, ter 30% de grupos subrepresentados na liderança e contratar ao menos 50% de mão de obra local nas construções de novos empreendimentos. Nesse sentido, a companhia desenvolveu programa em parceria com o Senai para a formação e capacitação de mulheres em operação e manutenção em projetos de geração de energia eólica.
Parte das mulheres qualificadas na iniciativa irá trabalhar no complexo eólico de Tucano, na Bahia. O próximo passo agora é replicar a iniciativa para o projeto eólico de Cajuína, no Rio Grande do Norte.
Sobre o ODS 13, relativo à “Ação Contra a Ação Global do Clima”, a AES Brasil estipulou três metas: redução de emissões de gases de efeito estufa dos escopos 1 e 2 em 18% em tCO2e por megawatt-hora (MWh) gerado, em relação ao realizado em 2020, manter a neutralização e positivar as emissões de gases de efeito estufa anualmente e, até 2025, compensar as emissões históricas desde o início da operação da AES Brasil no país, em 1999.
Por fim, com relação à “Vida Terrestre” (ODS 15) a companhia planeja, até 2030, aumentar em ao menos 20% o reflorestamento além do compromisso de recuperação das áreas ocupadas.