O contrato de venda de energia (PPA, na sigla em inglês) em dólar fechado pela AES Brasil é o primeiro de muitos do tipo, disse Clarissa Sadock, presidente da companhia, em teleconferência sobre os resultados do terceiro trimestre.
“Esse é o primeiro dentro de um universo de mais de 3 GW de clientes que gostariam de ter acesso a esse tipo de produto. Uma linha de produto, e outros virão na sequência”, disse a executiva.
O primeiro PPA em dólar da AES, antecipado pela MegaWhat, envolve 300 MW de potência e envolve um consumidor localizado no submercado Norte. O fornecimento de 150 MW médios começa a partir de 2024. O contrato é de energia convencional, então a AES ainda não decidiu se vai alocá-lo em seu portfólio hídrico, ou se vai fazer parte de uma expansão do complexo eólico Cajuína.
Essa decisão vai depender das negociações da AES com outros clientes, e deve ser tomada nos próximos meses. Caso o contrato seja alocado em Cajuína, a companhia vai divulgar oportunamente os valores do capex relacionado ao projeto.
Como o contrato é atrelado ao dólar, o cliente vai pagar o montante equivalente à moeda americana na data de pagamento. “Estruturamos o projeto de tal forma que ele não gera um derivativo embutido. Era uma preocupação que tínhamos, porque se fosse significaria que teríamos que marcar a mercado os 15 anos de PPA, e isso seria ruim porque geraria volatilidade no resultado”, afirmou Sadock.
Segundo a executiva, da forma como foi estruturado, se o dólar ficar estável durante os 15 anos de duração, o retorno será próximo do mínimo do mix. Se o dólar variar acima da expectativa mínima de diferença de inflação, a AES terá retornos adicionais que a deixarão confortável de ter essa receita atrelada ao dólar.
A companhia continua explorando crescimento por meio de novos projetos desenvolvidos pela companhia. “Vemos janela de oportunidade grande no mercado em função da agenda ESG, e em paralelo temos avaliado também alternativas de M&A”, disse Sadock, lembrando que com o PPA em dólar surgem ainda mais oportunidades.
A AES tem cerca de 1 GW em projetos solares desenvolvidos, e aguarda a regulamentação dos projetos híbridos para poder desenvolvê-los junto dos eólicos e hídricos existentes, disse Bernardo Sacic, diretor de novos negócios da companhia.
“Apostamos nessa onda solar que vai acontecer com projetos hídricos. O capex solar tem variado muito, não só pelo câmbio mas pelos preços de insumos e painéis. Isso tende a acabar no médio prazo, e assim que acabar teremos nossos projetos aí”, disse Sacic.