O risco de um racionamento de energia em 2021 é baixo, mas a crise hídrica e o aumento dos preços de energia devem ser prejudiciais aos resultados de AES Brasil, Copel e Light, segundo a análise do Itaú BBA. Na contramão, o banco avalia que as empresas Eletrobras, Engie, Alupar, Cemig e Eneva devem ser beneficiadas pelo momento atual.
“Apesar da piora das expectativas de chuvas, não vemos risco de racionamento de energia em 2021. Para compensar a piora hídrica, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou o despacho de termelétricas, o que aumentou a pressão sobre as tarifas de energia”, diz o relatório do Itaú BBA distribuído a clientes, assinado pelos analistas Marcelo Sá, Matheus Saliba e Luiza Candiota.
Segundo os analistas, o país tem sobra de energia nos próximos anos, além de outras fontes que ajudam a atender a demanda crescente, como as renováveis e as termelétricas.
Ainda assim, o déficit hídrico deste ano deve ser alto, por conta da falta de chuvas. O banco lembra que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) estima um GSF médio de 23% em 2021, com puco no terceiro trimestre do ano, quando deve chegar a ficar maior que 50%. O trimestre também terá um PLD mais alto, no teto de R$ 583,88/MWh.
Entre as empresas analisadas pelo Itaú BBA, Eletrobras, Engie, Alupar e Cemig devem se beneficiar dos preços mais altos no mercado de curto prazo, por terem deixado uma parcela grande de sua garantia física descontratada já prevendo o GSF elevado.
A Eneva e a Omega, por sua vez, devem ser beneficiadas por não terem exposição à geração hidrelétrica. Enquanto a primeira é uma geradora a gás natural, a segunda é focada em renováveis.
A AES Brasil, por sua vez, tem uma exposição de 109 MW médios neste ano que deve causar um impacto negativo de R$ 670 milhões em seu Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2021, segundo o banco.
A Copel deve ter um impacto negativo de R$ 605 milhões no Ebitda do ano, também por causa de exposição ao mercado de curto prazo, estimada em 38 MW médios.
O impacto negativo projetado na Light é menor, de R$ 229 milhões, também por causa da exposição ao PLD da ordem de 27 MW médios.