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Alupar se prepara para investir R$ 4,6 bi e vê espaço para disputar leilão em setembro

Com um ciclo de investimentos da ordem de R$ 4,6 bilhões para os próximos cinco anos, a Alupar tem espaço no seu balanço para participar do leilão de transmissão previsto para o segundo semestre do ano, uma vez que ativos contratados em 2016 e 2017 estão entrando em operação e começando a gerar fluxo de caixa para a companhia.

Alupar se prepara para investir R$ 4,6 bi e vê espaço para disputar leilão em setembro

Com um ciclo de investimentos da ordem de R$ 4,6 bilhões para os próximos cinco anos, a Alupar tem espaço no seu balanço para participar do leilão de transmissão previsto para o segundo semestre do ano, uma vez que ativos contratados em 2016 e 2017 estão entrando em operação e começando a gerar fluxo de caixa para a companhia.

“Nossa visão estratégia é de continuar participando de todos os leilões e tentando capturar sempre as oportunidades que enxergamos que vão trazer retorno”, disse Luiz Coimbra, superintendente de Relações com Investidores da companhia, em entrevista à MegaWhat.

Depois um jejum que começou em 2017 sem sair vencedora de leilões de transmissão, em meio ao aumento da competição e os deságios cada vez mais agressivos dos investidores, a Alupar iniciou um novo ciclo de crescimento no segundo semestre do ano passado, reforçado no leilão de março deste ano, quando arrematou um lote envolvendo R$ 1,3 bilhão em investimentos e receita anual permitida (RAP) de R$ 154 milhões.

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Somados aos ativos vencidos ano passado, são R$ 4 bilhões em três projetos de transmissão no Brasil, com uma RAP de R$ 463 milhões, além de R$ 600 milhões em projetos na Colômbia, Chile e Peru, que correspondem à receita anual da ordem de R$ 81 milhões.

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Espaço para mais endividamento

No primeiro trimestre do ano, o lucro líquido regulatório da companhia cresceu 6,8%, a R$ 153,9 milhões. No mesmo período, a receita líquida regulatória ficou praticamente estável em R$ 791,4 milhões, e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Etbida) teve ligeira variação de -0,5%, a R$ 669,2 milhões.

O endividamento medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda chegou a 3,3 vezes no primeiro trimestre do ano. Segundo Coimbra, até o fim do ano, como haverá entrada em operação de novos ativos, a métrica deve ficar em cerca de 3,1 a 3,2 vezes. A partir de 2025, o indicador vai para abaixo de 3 vezes.

“Depois, eu volto a me alavancar, vou ter um novo pico entre 2027 e 2028, mas os projetos vão começar a entrar em operação e eu volto a desalavancar”, disse, se referindo aos investimentos contratados desde o ano passado. Como o leilão de setembro vai envolver ativos que devem entrar em operação num prazo maior, a companhia avalia que há espaço para investimentos adicionais, desde que as taxas de retorno sejam atrativas.

Como o leilão será relativamente menor, porém, envolvendo cerca de R$ 4 bilhões em investimentos, a empresa aposta que será mais concorrido, o que tende a afetar a rentabilidade dos ativos. “Mas estamos estudando sim”, disse Coimbra.

Segundo o executivo da Alupar, a estabilidade da receita regulatória no trimestre teve relação com o reajuste da RAP aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que foi negativo nos ativos atualizados por IGPM, e parcialmente compensados por aqueles atualizados pelo IPCA.

O Ebitda veio estável pelos mesmos motivos, além do aumento da depreciação de ativos que entraram em operação no último ano. O que ajudou o lucro, por sua vez, foi a redução da despesa financeira da companhia na comparação anual, devido à queda das taxas de juros, que ajudaram a despesa financeira a cair.

Regulatório X IFRS

O resultado regulatório é considerado pelas empresas de transmissão e pelos analistas de mercado como mais aderente ao retrato financeiro atual do segmento. Nesse tipo de contabilização, a receita representa os recebimentos da companhia, refletindo no seu fluxo de caixa, e os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo imobilizado. No regulatório, a receita reflete a Receita Anual Permitida registrada conforme o faturamento, no prazo da concessão.

A Alupar também divulga o resultado societário, que segue os padrões contábeis internacionais (IFRS, na sigla em inglês).

Neste critério, o lucro líquido da Alupar somou R$ 254,9 milhões, alta de 10,5% na comparação com o lucro líquido do mesmo período do ano passado. A receita líquida, por sua vez, caiu 0,74%, a R$ 996,5 milhões.

Os números societários são a referência para distribuição de dividendos das companhias, mas a Alupar tem uma política que considera também o resultado societário.

Dividendos ‘robustos’

Desde o fim de 2022, a política da empresa envolve pagar, no mínimo, 50% do lucro líquido regulatório. “Como o estatuto da companhia precisa refletir o societário, ele prevê que vamos pagar 25% do lucro. Então, nos obrigamos a pagar o maior valor entre 50% do lucro regulatório ou 25% do IFRS”, disse Coimbra. Assim, a distribuição de proventos fica atrelada à geração de caixa da companhia.

Na reunião do conselho de administração desta quinta-feira, 9 de maio, foi aprovada a distribuição de R$ 66,6 milhões em dividendos intercalares referentes ao primeiro trimestre do ano. Ano passado, o montante total aprovado foi de R$ 347 milhões, sendo que R$ 109,7 milhões foram pagos como dividendos intercalares, e os R$ 237,7 milhões restantes serão desembolsados até 1º de julho deste ano.

“Estamos com dividendos mais robustos. A Alupar sempre foi um pouco penalizada, porque é uma empresa que busca crescer e pagar dividendos, e você tem empresas do setor que pagam dividendos mais robustos porque não se preocupam tanto com crescimento. Temos conseguido trabalhar bem isso”, explicou Coimbra.