
A Eneva defendeu a realização do leilão de reserva de capacidade “o mais rápido possível”, como resposta à necessidade estrutural do sistema elétrico brasileiro por potência despachável. Segundo o CEO da companhia, Lino Cançado, o Brasil enfrentará lacunas significativas de potência já a partir de 2026, e a empresa está preparada para aproveitar as oportunidades quando o certame for realizado.
“É fato consumado que vamos precisar de potência despachável já em 2026 e até 2029. Basta acompanhar as comunicações do Operador Nacional do Sistema Elétrico com o Ministério de Minas e Energia. O leilão é uma necessidade estrutural, e a Eneva está pronta para capturar essas oportunidades”, afirmou Cançado, durante a teleconferência de resultados do primeiro trimestre de 2025.
O leilão foi adiado após contestações judiciais sobre as regras do certame. Enquanto prepara uma nova consulta pública sobre o leilão, o Ministério de Minas e Energia (MME) tem tomado medidas para garantir a segurança do sistema, como a prorrogação de regras que permitem a inclusão excepcional de custos fixos nos custos variáveis unitários (CVU) das termelétricas. A pasta também abriu consulta pública para discutir a operação diferenciada dessas usinas com foco em atender à demanda por potência.
Ontem, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) autorizou a antecipação, para agosto de 2025, da operação de dez termelétricas vencedoras do leilão de reserva de capacidade de 2021. Esses projetos, que originalmente entrariam em operação em julho de 2026, foram adiantados para mitigar o risco de déficit no segundo semestre deste ano, devido ao adiamento do leilão que aconteceria em junho e contrataria disponibilidade de usinas a partir de setembro deste ano.
Entre os 2 GW de capacidade antecipada, a companhia é responsável pelas térmicas Parnaíba IV (56,28 MW), Viana (174,6 MW), Geramar I (165,87 MW) e Geramar II (165,87 MW). De acordo com Marcelo Lopes, diretor de Comercialização, Marketing e Novos Negócios da Eneva, a empresa já vinha pleiteando essa antecipação junto ao MME.
“Com a antecipação desses contratos, esperamos mais ou menos R$ 35 milhões por mês de receita fixa”, destacou o CEO da empresa.
Comercialização de gás
A empresa registrou avanço em sua mesa de comercialização de gás natural e gás natural liquefeito, com o Ebitda da área alcançando R$ 162,8 milhões no trimestre, refletindo a expansão da base de clientes e a atuação estratégica em contratos flexíveis e firmes.
Segundo Marcelo Lopes, a empresa vê espaço para oportunidades no mercado de curto prazo combinadas com posições de mais longo prazo que estão sendo montadas, via contratos flexíveis e firmes.
“Estamos posicionados para ser uma das principais alternativas de liquidez para esse mercado brasileiro, com foco em capturar oportunidades. A questão de conseguir aumentar a margem depende da conjuntura [do mercado] e de preços”, disse o executivo.
Em relação à aprovação, em março, de investimento para a construção do terceiro trem da planta de liquefação de gás natural do Maranhão, que expandirá a capacidade total de liquefação da planta para 900.000 m³/dia, Lopes disse que a intenção é escalar oferta para o segmento de transporte conforme os players façam a conversão da frota de diesel para gás.
Resultados do primeiro trimestre de 2025
A companhia registrou lucro líquido de R$ 384,4 milhões no primeiro trimestre de 2025, revertendo prejuízo de R$ 60,9 milhões verificado no mesmo período do ano passado.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 1,53 bilhão no período, alta de 40,3%. Já a receita líquida da companhia avançou 120,7% no trimestre encerrado em março, para R$ 4,42 bilhões.