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Apesar do prejuízo de R$ 272 milhões, Enauta mantém primeiro óleo de Atlanta para 2024

No terceiro trimestre de 2023, a Enauta registrou prejuízo de R$ 272 milhões, contra lucro de R$ 19 milhões no mesmo período do ano anterior. Segundo a empresa, o resultado se deve, sobretudo, à parada de produção em Atlanta, principal ativo da companhia e que está em fase de projeto-piloto, por questões operacionais nos sistemas de bombeamento.

Apesar do prejuízo de R$ 272 milhões, Enauta mantém primeiro óleo de Atlanta para 2024

No terceiro trimestre de 2023, a Enauta registrou prejuízo de R$ 272 milhões, contra lucro de R$ 19 milhões no mesmo período do ano anterior. Segundo a empresa, o resultado se deve, sobretudo, à parada de produção em Atlanta, principal ativo da companhia e que está em fase de projeto-piloto, por questões operacionais nos sistemas de bombeamento.

Mesmo assim, a Enauta mantém a previsão do primeiro óleo da Fase 1 Atlanta, posterior à fase piloto, para agosto de 2024. “Até o final do ano, já devemos ter a recuperação integral das expectativas de produção em Atlanta. No início de novembro, a companhia voltou com a produção do primeiro poço, com produção estabelecida em cerca de 12 mil barris por dia”, disse o diretor Financeiro da companhia, Pedro Medeiros, em teleconferência com acionistas sobre o resultado do terceiro trimestre, ocorrida nesta segunda-feira, 13 de novembro.

A companhia também está otimista com a chegada do FPSO Atlanta, esperada para o primeiro trimestre de 2024, e que deve proporcionar melhorias operacionais ao ativo.

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Integração com campo Oliva

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Na teleconferência, os executivos comentaram sobre o campo Oliva, ativo em desenvolvimento da Enauta que deve ter a tomada de decisão ao longo do segundo semestre de 2024. A empresa já busca alternativas para dedicar orçamento específico que viabilize este projeto.

Oliva está localizado a cerca de 20 quilômetros de Atlanta, e por isso a expectativa da empresa é de compartilhamento e integração de equipamentos e recursos, o que poderia antecipar a produção no novo campo.

Segundo o presidente da Enauta, Décio Oddone, o óleo de Oliva é “mais leve do que o de Atlanta”.

Estratégias de comercialização

O óleo de Atlanta, considerado leve e com baixo teor de enxofre, recebe prêmio por sua qualidade. “Isso faz do óleo de Atlanta um óleo que atende alguns mercados específicos”, disse o diretor Financeiro Pedro Medeiros. Entretanto, esse prêmio “não é tão visível” por questões operacionais e logísticas, o que deve ser resolvido com a chegada do FPSO Atlanta à companhia. A Enauta também espera otimizar o valor deste óleo de melhor qualidade.

“Estamos desenvolvendo uma solução de comercialização que vise maximizar o valor para a companhia desse petróleo de nicho, não apenas a rentabilidade mas também o valor que esse óleo pode apresentar na esfera de desenvolvimento de cada fase de Atlanta e eventualmente dando apoio à nossa estratégia de alocação de capital e crescimento orgânico e inorgânico no futuro”, disse Medeiros.

Gestão de ativos

A Enauta firmou acordo com a Yinson para a venda da FPSO Atlanta, que então será afretada para a Enauta. No terceiro trimestre de 2023, foi reconhecida a receita de juros sobre crédito a receber associada a esta transação. Além disso, no trimestre a Enauta emitiu R$ 1,1 bilhão em debêntures.

A companhia também optou por vender sua participação em bloco exploratório em águas ultra-profundas na bacia do Espírito Santo. Segundo Oddone, o projeto era de alto risco, alto investimento e monetização em longo prazo, o que não corresponde aos critérios atuais da Enauta para gestão de ativos. A decisão provocou uma baixa contábil de R$ 86 milhões à empresa.

No período, a Enauta informou que houve “sazonalidade” no mercado de gás do Espírito Santo, o que provocou queda de 46% na produção.

Para novos ativos, o presidente Décio Oddone comentou que a empresa continua avaliando os três blocos exploratórios que tem na Margem Equatorial “mas não tem nenhuma decisão de investimento nesses ativos”.

A situação é diferente em relação à Bacia do Paraná. “Temos uma posição no Paraná que é muito promissora, uma região de gás próximo a Criciúma. É de baixo capex, se tiver sucesso pode ser muito interessante”, avaliou Oddone.

Na reunião, o presidente da Enauta também foi perguntado em relação ao cenário fiscal brasileiro, que passa por discussões da Reforma Tributária no mesmo ano em que o setor de petróleo pagou o imposto extraordinário sobre exportações de óleo. Apesar de ressaltar que a discussão está no Congresso, Oddone comentou as condições tributárias do país.

“O sistema tributário brasileiro já é um sistema que tem carga elevada sobre atividade de produção de petróleo. E é uma carga fiscal regressiva, o que é ruim porque tira a competitividade dos investimentos no Brasil”, disse.

Resultados

No terceiro trimestre de 2023, a Enauta registrou prejuízo de R$ 272 milhões, contra lucro de R$ 19 milhões no mesmo período do ano anterior. A receita líquida foi de R$ 96 milhões, sendo R$ 38 milhões referente a petróleo e R$ 58 milhões referente a gás natural. Em 2022, a receita líquida foi de R$ 167 milhões, o que significa uma redução de 42,5%.

Os custos da Enauta no terceiro trimestre somaram R$ 261 milhões, 86,43% superior ao registrado em 2022. As despesas operacionais foram de R$ 140 milhões no trimestre, contra R$ 39 milhões em 2022.