Os preços do petróleo no mercado internacional continuam em tendência de alta depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, incluindo a Rússia (Opep+), anunciou um corte na produção da commodity a partir de novembro. O banco suíço UBS revisou para cima sua projeção para os preços do petróleo, seguindo outras instituições financeiras que fizeram movimentos parecidos, como o Morgan Stanley e o Goldman Sachs. No Brasil, a Petrobras ainda não reagiu às novas projeções e importadores privados apontam que o desconto em relação à paridade internacional tem crescido.
Na semana passada, a Opep+ aprovou um corte de 2 milhões de barris diários na produção a partir de novembro, a fim de sustentar os preços do petróleo, que vinham recuando em meio aos receios de uma crise econômica global.
Ontem, 12 de outubro, o UBS publicou relatório reiterando a projeção de que o Brent ficará em US$ 100 o barril entre o último trimestre deste ano e os primeiros meses de 2023, apesar do desempenho da commodity no período de julho a setembro ter ficado aquém das expectativas do banco (uma média de US$ 98 o barril, contra a projeção de US$ 106 o barril).
“Nós esperamos que os preços se recuperem no curto prazo, enquanto a oferta cai com o corte de produção da Opep+ e com o início do embargo da União Europeia ao petróleo russo, em 5 de dezembro, e de produtos derivados em 5 de fevereiro”, diz o relatório do UBS, enviado a clientes. O banco estima que a produção de petróleo da Rússia vai cair para menos de 10 milhões de barris diários até o fim do ano, já que o país enfrenta dificuldade em redirecionar as exportações que iriam para a Europa, e isso deve sustentar os preços altos até que outros produtores possam elevar os seus volumes, levando a uma normalização gradual no próximo ano.
Para 2023, o UBS prevê o Brent a US$ 95 o barril, caindo para US$ 85 em 2024, US$ 80 em 2025 e US$ 75 a partir de 2026.
Na semana passada, o Morgan Stanley elevou a previsão dos preços para o primeiro trimestre do próximo ano de US$ 95 para US$ 100 o barril. O banco vê um déficit no mercado de 0,9 milhão de barris por dia em 2013, acima do déficit previsto antes, de 0,2 milhão. Essas projeções consideram uma redução na produção da Rússia em até 1,5 milhão de barris diários, devido ao embargo da União Europeia.
Já o Goldman Sachs elevou as projeções para o último trimestre de 2022 e primeiro trimestre de 2023 em US$ 10 o barril, para US$ 110 e US$ 115 o barril, respectivamente.
Por volta de 11h30, o barril do petróleo Brent com vencimento em dezembro tinha queda de 0,33%, a US$ 92,14 o barril, enquanto o WTI para novembro tinha baixa de 0,55%, a US$ 86,79.
Desconto no Brasil
O recente movimento de alta nos preços do petróleo no mercado internacional ainda não teve reflexos nos preços de combustíveis no Brasil, já que a Petrobras, principal importadora e refinadora do país, não fez novos reajustes depois das sucessivas reduções nos preços depois da quarta troca do comando da estatal dentro do governo de Jair Bolsonaro.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), no fechamento de 11 de outubro, havia defasagem média de 11% no preço do óleo diesel e de 7% no caso da gasolina. Os cálculos consideram os preços da Petrobras e a paridade com os preços internacionais. A entidade afirma que o cenário é desfavorável para a importação de combustíveis.
A Acelen, dona da única refinaria privatizada pela Petrobras até o momento, anunciou na semana passada um reajuste nos preços cobrados dos combustíveis produzidos na Refinaria de Mataripe.
A companhia subiu os preços de gasolina em 9,7%, enquanto o diesel S10 teve alta de 11,3% e o diesel 500 subiu 11,5%. Em nota, a Acelen disse que os preços levam em consideração variáveis como custo do petróleo, adquirido a preços internacionais, dólar e frete.
Embora as premissas usadas pelas empresas não sejam totalmente públicas, o discurso da Petrobras é semelhante. Em 19 setembro, data da última redução dos preços do diesel – a terceira desde o início de agosto -, a companhia afirmou que o corte acompanhava a evolução dos preços de referência e era coerente com sua política, que busca equilíbrio dos preços do mercado, sem repassar para os preços internos volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio.
Enquanto os importadores privados de combustíveis afirmam que as condições estão desfavoráveis, o governo brasileiro divulgou recentemente que tem importado diesel da Rússia.
“Dois navios com diesel vindos da Rússia já chegaram aos nossos portos e novos carregamentos são esperados, aumentando a competição e dando mais segurança energética ao nosso país. Para o nosso governo, o interesse do povo brasileiro vem sempre em primeiro lugar”, disse o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, em discurso de cinco meses à frente da pasta, publicado em sua conta no Twitter.