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Auren promete reduzir dívida e critérios rígidos em contratos no mercado livre

Em seu primeiro balanço após aquisição da AES Brasil, empresa reverteu lucro e registrou prejuízo de R$ 363,6 milhões

Escritório Auren - Divulgação
Escritório Auren - Divulgação

As ações da Auren acumulam queda de cerca de 8% nos últimos dois dias, depois que a empresa divulgou resultados aquém do esperado para o quarto trimestre do ano passado, incluindo um aumento do seu endividamento, que cresceu muito por conta da aquisição da AES Brasil.

O resultado trimestral foi ainda afetado negativamente por R$ 49,3 milhões em um ajuste de exposição a comercializadoras inadimplentes. Segundo a empresa, a exposição foi maior nos contratos adquiridos junto com as operações da AES Brasil e da Esfera.

A expectativa é que a captura de sinergias com as aquisições e a geração de receita dos novos ativos, que vieram com a AES, vai ajudar a retomar o patamar anterior de endividamento, ao mesmo tempo em que os critérios mais rígidos dos contratos de comercialização devem evitar que o cenário registrado no fim de 2024 se repita.

“Boa parte desse resultado negativo em relação à exposição a comercializadoras, nós herdamos com as aquisições. A nossa política de risco de crédito realmente nos brindou. De certa forma, tínhamos exposições na Auren também, mas era muito reduzida”, explicou o presidente da companhia, Fabio Zanfelice, em teleconferência de resultados nesta terça-feira, 25 de fevereiro. Segundo o executivo, houve restrição das contrapartes e estudos para melhoria das metodologias de segurança de mercado.

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No quarto trimestre do ano passado, a Auren registrou prejuízo de R$ 363,6 milhões, revertendo lucro de R$ 220,2 milhões no mesmo período do ano anterior. Já a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda chegou a 5,7 vezes no fim de 2024, ante 3,4 vezes no mesmo período do ano anterior.

Outras providências tomadas após a aquisição da AES incluem a renegociação de dívidas da companhia, o que deve poupar R$ 25 milhões por ano, segundo Zanfelice. A captura de sinergias somou R$ 43,5 milhões entre novembro e dezembro de 2024, e a Auren projeta que, anualmente, o balanço deve atingir R$ 250 milhões.

Curtailment e aumento no PLD

No trimestre, o curtailment provocou redução na geração de 47,4 MW médios nos parques da Auren e ficou acima do registrado no ano anterior pela companhia. Segundo a empresa, os cortes de geração refletiram o contexto de atraso na operação de linhas de transmissão, aumento no despacho termelétrico e maior oferta de geração eólica e solar.

A volatilidade do preço de liquidação das diferenças (PLD) e a incidência de preços mais altos nos meses de maior curtailment também provocaram impactos financeiros no balanço da Auren na ordem de R$ 202 milhões no ano de 2024. Deste total, a empresa espera recuperar R$ 22 milhões por serem de restrição elétrica.

As perdas por curtailment foram parcialmente compensadas pela modulação diante da flexibilidade de portfólio da companhia, que gerou ganhos de R$ 58 milhões. Segundo a diretoria da Auren, a maior parte destes ganhos veio dos ativos adquiridos com a AES, já que apenas os ativos da Auren teriam possibilitado ganhos de R$ 10 milhões.

Resultados

No quarto trimestre de 2024 a receita líquida da Auren atingiu R$ 3,6 bilhões, avanço de 35% em um ano. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 389,3 milhões, contra R$ 929,1 milhões entre outubro e dezembro de 2023.

A geração total no trimestre atingiu 5.406 MW médios, sendo 3.485 MW médios de ativos próprios. Em 2023, a geração total foi de 6.383 MW médios, dos quais 3.607 MW médios viram de ativos próprios.

Por volta das 14h30 (de Brasília), as ações ordinárias da Auren (AURE3) recuavam 5,45% no pregão na B3, a R$ 7,99.