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Beenx traz ‘mundo cripto’ para o mercado de energia e promete reduzir riscos e custos de operações

A Brasil Energy Exchange (Beenx), ecossistema de negócios de energia que usa blockchain para aumentar a segurança das operações e reduzir os riscos - e custos - operacionais, deve abrir em novembro suas atividades para o público. Desde que o sistema foi lançado, em dezembro do ano passado, apenas os sócios investidores (AES Brasil, ArcelorMittal, Eneva e Goodz Capital) operam, no ambiente de testes. Inicialmente, a fase "beta" iria durar seis meses, mas a crise do mercado de crédito, agravada pelo caso da Americanas, adiou os planos da plataforma, que nasceu dentro da Fohat, startup que usa a tecnologia para desenvolver modelos e soluções inovadoras para integrar plataformas no mercado de energia elétrica. Como os planos da Beenx envolvem não apenas atrair as comercializadoras de energia, mas também a indústria e o varejo, o período de testes foi alongado, e deve terminar no fim de outubro, ainda antes da abertura do mercado livre para consumidores de alta tensão, que acontecerá em janeiro de 2024.

Beenx traz ‘mundo cripto’ para o mercado de energia e promete reduzir riscos e custos de operações

A Brasil Energy Exchange (Beenx), ecossistema de negócios de energia que usa blockchain para aumentar a segurança das operações e reduzir os riscos – e custos – operacionais, deve abrir em novembro suas atividades para o público. Desde que o sistema foi lançado, em dezembro do ano passado, apenas os sócios investidores (AES Brasil, ArcelorMittal, Eneva e Goodz Capital) operam, no ambiente de testes.

Inicialmente, a fase “beta” iria durar seis meses, mas a crise do mercado de crédito, agravada pelo caso da Americanas, adiou os planos da plataforma, que nasceu dentro da Fohat, startup que usa a tecnologia para desenvolver modelos e soluções inovadoras para integrar plataformas no mercado de energia elétrica. Como os planos da Beenx envolvem não apenas atrair as comercializadoras de energia, mas também a indústria e o varejo, o período de testes foi alongado, e deve terminar no fim de outubro, ainda antes da abertura do mercado livre para consumidores de alta tensão, que acontecerá em janeiro de 2024.

A Beenx se apresenta como um “one stop shop” de energia, uma vez que permite que sejam feitas transações de energia elétrica, certificados de energia renovável (RECs) e outros tipos de produtos, sempre usando as camadas de blockchain para garantir a segurança das operações.

“Dentro do clearing bilateral, a questão da gestão de risco de contraparte ganhou muita importância, principalmente depois que tivemos os defaults das comercializadoras, e começamos a discutir o aporte de garantias, aquela discussão que vem se arrastando há muito tempo”, contou Igor Ferreira, presidente da Beenx, em entrevista à MegaWhat.

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A diferença para iniciativas como a BBCE está justamente no uso da tecnologia, que confere à rede uma segurança privada. Foi criada uma rede privada e os ‘nós da rede’ são os agentes do mercado. Cada empresa cliente da Beenx terá seu “nó” dentro da plataforma. Assim, nas negociações de energia bilaterais, os contratos são protegidos, uma vez que os contratos são inteligentes.

Conforme a plataforma for crescendo, a ideia dos atuais donos é fazer novas rodadas de investimento, até que o negócio se torne uma corporation, sem controlador definido.

Contratos inteligentes = menor custo operacional

Os smart contracts, ou contratos inteligentes, são fechados no ambiente de tela dentro da proteção do blockchain, ao qual as empresas aderem ao se registrarem na Beenx. A boleta não fica exposta na tela, e o agente precisa escolher a contraparte com quem deseja negociar. Caso a Eneva queira fazer um contrato com a Arcelor, por exemplo, a boleta só vai aparecer na tela da Arcelor. A liquidação não depende de ações manuais, é automática, o que reduz custos operacionais e riscos do negócio, já que dificulta a inadimplência, por exemplo.

Foi essa aposta que justificou o investimento dos sócios na Beenx, inicialmente da ordem de R$ 10,5 milhões.

Desde seu lançamento em teste, a Beenx lançou uma camada de APIs (sigla em inglês para interface de programação de aplicações), conjuntos de serviços ou funções que conversam entre duas aplicações. Nesse caso, a camada permite que os usuários da Beenx possam conectar vários outros sistemas, com mais de 1.400 aplicativos, desde Gmail, DocuSign, a outros mais complexos. Por meio dessa camada, o usuário tem acesso às lojas de aplicativos.

Por meio dos APIs, o usuário da Beenx poderá integrar as suas soluções de back office com a plataforma, facilitando o processo. Assim, um cliente poderá, por exemplo, enviar as informações de negócios fechados na Beenx para faturamento em seu ERP. As automações são montadas como “legos”, e na próxima vez os contratos poderão ser registrados automaticamente, dando celeridade ao negócio.

“O dado está na mão da empresa. Se um varejista precisa automatizar o back office dele, para rodar mais operações com menos pessoas, isso estará integrado no ambiente da Beenx”, disse Ferreira. Segundo ele, quanto maior a digitalização dos processos, mais softwares são necessários, e as informações poderão ser todas centralizadas dentro da plataforma da Beenx, via os APIs. Tudo é criptografado, então as informações são seguras, e o usuário terá mais tempo para se concentrar em estratégia e venda, e não na parte operacional.

Se o usuário já tiver um contrato com outra plataforma para gestão de back office, ele poderá mandar essa informação para a Beenx pela camada de API, a fim de armazenar as informações dos contratos no seu nó. O usuário pode criar o envio de qualquer informação para outros usuários ou plataformas.

Drex, o Real digital, e a curva forward

Como a Beenx atua dentro de uma rede de blockchain, o desenvolvimento do Drex, “Real digital” que será lançado pelo Banco Central em breve, será outra funcionalidade que poderá ser usada nos negócios de energia.

O Drex é um “token”, uma representação digital do Real, emitido pelo Banco Central e não substitui a moeda soberana. Ou seja, é a moeda que as pessoas vão acessar em suas carteiras digitais. A ideia do BC com a moeda tonekizada é aumentar a oferta de serviços e produtos financeiros, que ficarão mais acessíveis e baratos.

Atualmente, o Drex está sendo testado pelos bancos. “Quando esse token vier ao mercado, ele poderá transitar como instrumento de segurança para liquidação numa rede construída em blockchain, como é a nossa rede na Beenx”, explicou Ferreira.

Usando o Drex, usuários diferentes da Beenx podem registrar um contrato e compartilhar a informação com a plataforma a título de liquidação. A Beenx terá acesso aos volumes e preços negociados pelas partes, mas sem identificar a origem dessas informações, e poderá com isso construir uma curva forward de preços de energia. “Uma vez que o contrato foi negociado, essa será a informação. Não tem manipulação, porque a blockchain tem a característica de imutabilidade dos contratos, o que traz uma questão muito interessante de segurança de mercado”, disse Ferreira.

O Drex poderá ainda ser utilizado para a liquidação de chamada de margem, e as empresas poderão aportar garantia usando a moeda digital para liquidar seus contratos.

A diferença aqui para um balcão organizado é que, para isso, é necessário aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que envolve um custo elevado de infraestrutura, que acaba sendo repassado ao mercado e pode inviabilizar a operação. Por meio da tecnologia blockchain, o agente do mercado também poderá acessar um sistema de proteção de risco bilateral, mesma aplicação de um derivativo, mas usando a tecnologia. A regulação nesse caso é mais simples, e vai usar os smarts contracts e o Real digital.

Sem dono

Se hoje a Beenx está aberta apenas aos sócios que aportaram capital desde o início, a ideia da plataforma é abrir espaço para que outros agentes possam comprar participações, transformando a empresa numa corporation, sem dono específico.

“Meu compromisso quando fiz a Beenx era lançar uma plataforma, uma empresa para o mercado”, disse Ferreira. O modelo adotado neste momento é de uma venture capital, com séries de rodadas de investimentos que vão captando recursos e novos sócios. “É uma estrutura que vai fortalecendo a infraestrutura, porque os agentes têm interesse não só em financiar, mas também em operar com custos menores. A gente aposta nesse caminho”, concluiu.