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BP e Shell veem Brasil como estratégico para metas de descarbonização

BP e Shell veem Brasil como estratégico para metas de descarbonização

O Brasil é um país estratégico para as metas de descarbonização das grandes petroleiras britânicas, tanto pelo potencial de fontes renováveis quanto pelo de biocombustíveis e biomassa. O assunto foi debatido na manhã dessa quarta-feira, 4 de agosto, em um evento organizado pelos Comitês de Energia Elétrica & Renováveis e de Óleo & Gás da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham).

“É importante destacar que a demanda per capita de energia elétrica no Brasil é muito baixa, um quinto da americana e metade da espanhola. Então, entendemos que a demanda por energia no país vai crescer não só pela industrialização”, disse Guilherme Perdigão, diretor de Novas Energias da Shell Brasil. A companhia anglo-holandesa prevê que o percentual da energia elétrica no país suba dos atuais 20% para 55% em 2070, período em que a parcela dos combustíveis fósseis vai cair de forma significativa, sendo substituída por renováveis.

O desafio, segundo Mario Lindenhayn, presidente da BP no Brasil, é encontrar as oportunidades corretas de investimento que tragam os retornos adequados aos acionistas. No ano passado, a BP anunciou que vai investir US$ 5 bilhões por ano em geração renovável até 2030, a fim de atingir 50 GW em seu portfólio. Ao mesmo tempo, vai reduzir a produção de petróleo e gás em 40% nesse período. O executivo contou que a BP é sempre confrontada com uma série de oportunidades, mas busca encontrar as que tragam retorno.

“Outro desafio é equilibrar no futuro o percentual de cada fonte e tecnologia que nós, como empresa, queremos, e como distribuir isso nas regiões em que atuamos”, disse Lindenhayn.

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A Shell passa por desafio parecido, segundo Perdigão. A companhia focou os esforços em fontes renováveis nos Estados Unidos, Brasil, Austrália e Europa Central. “E vamos fazer a transformação de forma material, mantendo o foco na necessidade de manter resultados aos nossos acionistas”, disse. 

O crescimento do mercado livre de energia no país deve contribuir com essa aceleração da transição energética, disse o executivo da Shell. “Queremos atender os acionistas com soluções rentáveis, mas também com soluções que sejam atrativas para o consumidor final. Como engajar e trazer o consumidor para protos e serviços? Tendemos a subestimar a tendência de transformação que existem como parte da transição energética”, disse Perdigão.

No curto prazo, os executivos enxergam a continuação do domínio do petróleo no país por conta dos resultados dos investimentos no pré-sal. Além disso, o gás natural deve ter um papel cada vez mais relevante como combustível de transição.

“Os reservatórios das hidrelétricas antes atendiam esse papel, mas hoje duram menos de um mês. O Brasil enfrenta um problema sistêmico de reserva e as tecnologias são fundamentais”, disse Perdigão. Ele lembrou que, além do gás natural, também são importantes as novas tecnologias de armazenamento, como o hidrogênio, e a própria biomassa e o biogás.

Segundo Lindenhayn, a utilização de gás natural no Brasil ainda é muito pequena na comparação com outras regiões do mundo, o que cria oportunidades de acesso a um gás mais barato e competitivo. “As oportunidades são grandes, o desafio está em trazer as tecnologias e combiná-las, além de obter os contratos de longo prazo que vão viabilizar os projetos. Nosso conhecimento de excelência operacional pode garantir competitividade de longo prazo para essas energias e retorno adequado, garantindo os investimentos futuros”, afirmou.

Etanol

Enquanto as petroleiras se posicionam para um aumento das fontes renováveis no Brasil, um investimento elevado já foi feito em biocombustíveis. A BP fechou um acordo com a Bunge em 2019 para formar uma joint venture combinando seus negócios de bioenergia e etanol no país, enquanto a Shell é sócia da Cosan na Raízen, maior produtora de etanol de cana-de-açucar do mundo.

“Num ciclo de vida total, o carro flex a etanol tem emissões 30% inferiores a um veículo elétrico. Já partimos de uma tecnologia com sustentabilidade diferenciada e com tecnologia e infraestrutura no Brasil”, disse Lindenhayn. 

Segundo o executivo da BP, os biocombustíveis são a única forma “real” de se obter uma redução na emissão de gases poluentes. “A melhor opção no futuro seria um carro híbrido, elétrico com etanol, seria a opção mais sustentável”, disse.

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