A BYD, a CPFL Energia e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Telecomunicações (CPqD) estão desenvolvendo um projeto conjunto voltado à reutilização de baterias de lítio-íon de veículos elétricos. A parceria foi feita por meio de uma chamada pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), realizada em 2019.
“Trata-se de um projeto estratégico de pesquisa e desenvolvimento que já nasceu dentro do conceito de Rede de Inovação do Setor Elétrico (Ride)”, afirma Aristides Ferreira, gerente de Soluções em Sistemas de Energia do CPqD.
De acordo com Ferreira, dependendo do uso, a bateria de lítio-íon em carros elétricos pode durar até dez anos. Com o projeto de reutilização, as companhias pretendem entender a vida útil de cinco a dez anos, sendo usada, por exemplo, em projetos de armazenamento de energia gerada por sistemas solares fotovoltaicos e por outras fontes intermitentes, ou como backup em estações de telecomunicações, por exemplo.
Segundo Vitor Arioli, pesquisador da área de Sistemas de Energia do CPqD, o projeto iniciou a fase de desenvolvimento com a realização, em laboratório, de vários ensaios e medições em baterias de ônibus elétricos degradadas, fornecidas pela BYD.
“O trabalho no laboratório envolveu a análise de cerca de 500 células fornecidas pela BYD e, com base nisso, desenvolvemos uma metodologia para avaliação e seleção das células mais adequadas para compor uma bateria de segunda vida”, destaca Arioli.
O próximo passo será uma prova de conceito (PoC) na Unicamp, onde está instalada uma usina solar. A avaliação encerrará o projeto – previsto para setembro – e, a partir daí, a tecnologia será transferida para as empresas responsáveis pela fabricação e comercialização da bateria reutilizada.
Baterias de lítio-íon
O mercado de minerais que abastece os setores relacionados aos veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e outras tecnologias de transição energética dobrou de tamanho nos últimos cinco anos, de acordo com um novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Em 2022, a participação dos minerais no setor de transição energética atingiu uma demanda global de 56% para o lítio, 40% para o cobalto e 16% para o níquel, acima dos 30%, 17% e 6%, respectivamente, de cinco anos atrás.
O mercado de minerais no segmento atingiu US$ 320 bilhões no último ano, ganhando cada vez mais atenção da indústria global de mineração, que aumentou em 30% os investimentos no setor, conforme dados do relatório.
“Como resultado, os minerais de transição energética, que costumavam ser um pequeno segmento do mercado, agora estão crescendo. Teremos um crescimento rápido e contínuo, colocando a mineração cada vez mais no centro da indústria global”, diz o documento.