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Câmbio e commodities elevam preço de projetos de geração eólica e solar no Brasil

Câmbio e commodities elevam preço de projetos de geração eólica e solar no Brasil

A combinação do câmbio com a disparada dos preços de commodities tem elevado os investimentos necessários para empreendimentos de geração eólica e solar, com reflexos diretos nos preços da energia. O assunto foi discutido em painel da 22ª Conferência Anual do Santander, realizado nesta quarta-feira, 18 de agosto.

Segundo Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos, o capex para novos projetos de geração eólica está de 15% a 20% mais caro em comparação com o período antes da pandemia. Para a fonte solar fotovoltaica, como muitos dos componentes são importados, o câmbio tem um efeito ainda maior, e o capex está de 35% a 40% maior, de acordo com o executivo.

“No horizonte de novos projetos, você tem o aumento do capex por três principais fatores. Primeiro são as commodities, que afetam aço das torres, obras civis, cimento, pacote eletromecânico. Para solar, tem o silício também. Outro fator é o impacto da pandemia, que deixa o frete marítimo mais caro, por exemplo, mas isso impacta mais a solar, que tem mais componentes importados que as eólicas. E por fim o câmbio”, disse Araripe.

Consequentemente, a curva futura de preços de energia dessas fontes também tem sido pressionada, disse Rogério Zampronha, presidente da Omega Desenvolvimento. Ele lembrou ainda da abertura da curva de juros futuros, por conta da tendência de alta da taxa Selic, como outro efeito que impacta a precificação dos empreendimentos e do MWh, já que os financiamentos ficam mais caros.

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“Faz bastante tempo que não vemos preços como víamos antes, de R$ 130/MWh a fonte incentivada. Vemos precificação maior”, disse Zampronha. Segundo ele, a reprecificação dos contratos segue o aumento do capex, e deve ter efeitos no longo prazo.

Para driblar o aumento dos custos e manter as fontes renováveis atrativas aos consumidores, a AES Brasil prioriza contratos de longo prazo, com prazos de 15 a 20 anos, afirmou Clarissa Sadock, presidente da companhia. A companhia também prefere projetos da fonte eólica, neste momento, por considerá-los mais competitivos em termos de custos.

“Os preços dos painéis solares, dos trackers, dos inversores, subiram muito. A competitividade do solar, pelo capex principalmente, não está tão vantajosa quanto à eólica. Acompanhamos as duas indústrias, acreditamos fortemente na fonte solar no futuro”, disse a executiva. 

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