A estatal mineira Cemig planeja investir R$ 22,5 bilhões nos próximos cinco anos para reforçar os negócios atuais e expandir sua base de ativos. Desse total, cerca de R$ 5,5 bilhões devem ter como destino novos empreendimentos de geração renovável ou de transmissão, via leilões ou fusões e aquisições. Mais R$ 1 bilhão vai para projetos de geração distribuída, segmento no qual a empresa pretende ser líder em Minas Gerais, aproveitando para se defender da perda de mercado na distribuidora.
“Nesse ambiente de transformação do setor elétrico, é fundamental qualquer companhia de geração investir em renováveis”, disse Paulo Mota Henriques, diretor da Cemig Geração e Transmissão, durante evento com investidores e analistas transmitido virtualmente.
Até 2025, a Cemig espera sair de um Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 4,875 bilhões em 2020 para atingir um valor entre R$ 7,2 bilhões e R$ 8 bilhões.
As projeções consideram, segundo a companhia, um cenário de ganho de eficiência na distribuidora, combinado com a venda de ativos não prioritários e com investimentos em geração renovável, ativos que serão comercializados no mercado livre de energia.
Na distribuidora, serão investidos R$ 12,5 bilhões, com foco em expansão e modernização da rede, com a adição de novas subestações, redes e equipamentos relacionados a redes inteligentes.
“Temos um ‘gap’ de R$ 200 milhões em perdas não técnicas que precisamos reduzir até o fim de 2022. Outras medidas importantes envolvem a redução da inadimplência. As provisões foram superiores a R$ 300 milhões em 2020, estamos confiantes que vamos reduzir para R$ 200 milhões”, citou Leonardo George de Magalhães, diretor de finanças e relações com investidores da companhia. Além disso, com a redução de custos, a empresa espera ter maior cobertura regulatória de opex na próxima revisão tarifária.
A Cemig GT também vai receber investimentos na melhoria dos ativos existentes, Serão R$ 200 milhões para automação e modernização de usinas de geração de energia, e R$ 1,1 bilhão em reforços e melhorias das linhas de transmissão.
Com a venda de ativos, a Cemig espera levantar R$ 9 bilhões, segundo as informações da apresentação. O presidente da empresa, Reynaldo Passanezi, citou esforços em desinvestimentos na Taesa, Aliança Energia, Santo Antonio, Belo Monte, Renova, Axxiom e Ativas.
Novos ativos
Nos novos ativos de geração de energia, a diferença agora é que serão controlados e consolidados no balanço da Cemig, disse Passanezi. O montante de R$ 4,5 bilhões deve adicionar 1 GW de capacidade à companhia, equivalente a cerca de 450 MW médios. O foco está em projetos de fontes hídricas, eólicas e solares, desde que os retornos financeiros sejam adequados.
“A equipe técnica da Cemig está focada em projetos desenvolvidos dentro da companhia, com vantagens sinérgicas”, disse Henriques. Segundo ele, a parceria com a comercializadora do grupo, que busca contratos de longo prazo para negociar a energia desses novos ativos, é um grande diferencial. “Estamos buscando uma energia competitiva a preço competitivo”, disse.
Entre os projetos mais maduros, está a usina solar fotovoltaica Boa Esperança, com 85 MW de potência e investimentos de R$ 300 milhões, que já teve o requerimento de outorga (DRO) emitido e tem energização prevista para o fim de 2022. Outro projeto avançado, previsto para o primeiro semestre de 2023, é a usina solar fotovoltaica Três Marias 1, com painéis flutuantes no reservatório da hidrelétrica de mesmo nome. Os 60 MW envolvem investimentos de R$ 250 milhões.
A Cemig espera ainda construir uma usina solar fotovoltaica a jusante de Três Marias, com 70 MW de potência e investimento de R$ 250 milhões. A energização também é prevista para o primeiro semestre de 2023.
Em estudos, a empresa tem os projetos solares Cerrados 1, 2 e 3, que somam 260 MW e devem envolver investimentos de R$ 920 milhões. A companhia tem ainda 1.257 MW em eólicas em avaliação, sendo quatro projetos mais maduros com previsão de conclusão entre 2023 e 2024.
Em relação à fonte hídrica, a Cemig aposta na ampliação das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) existentes em 50 MW. No momento, já está em implantação a ampliação da PCH Poço Fundo, de 9,2 MW para 30 MW.
A Cemig também está prospectando novas termelétricas a gás natural, desta vez para comercialização de energia no mercado regulado. Uma das usinas, também já com DRO emitido, terá 550 MW de potência e investimentos de R$ 1,7 bilhão.
Os investimentos previstos em transmissão somam R$ 1,1 bilhão em reforços e melhorias e R$ 1 bilhão em novos projetos, com foco em Minas Gerais e adjacências. A companhia avalia leilões e fusões e aquisições. Como Minas Gerais deve ter um grande certame para escoamento da geração solar fotovoltaica, as atenções da Cemig estão voltadas para essas oportunidades.