O início da próxima estação chuvosa pode atrasar, a exemplo do que ocorreu nos últimos cinco anos, de acordo com estimativa da Cesp. A companhia, no entanto, não prevê necessidade de racionamento de energia neste ano e em 2022.
“Com relação ao nível de armazenamento [dos reservatórios hidrelétricos em 2022], é difícil prever neste momento. No fundo, depende de uma variável que agente ainda não controla, que é como vai se dar a próxima estação chuvosa. Consistentemente, nos últimos cinco anos, essa estação tem entrado atrasada. É possível que atrase este ano também”, afirmou o diretor presidente e de Relações com Investidores da Cesp, Mario Bertoncini, em teleconferência com analistas e investidores, nesta sexta-feira, 30 de julho.
Questionado sobre risco de racionamento, o executivo disse que ainda é prematuro falar sobre isso. “Não estamos contando com cenário de racionamento para este segundo semestre de 2021 e monitoramos muito de perto as previsões para a próxima estação chuvosa. Pode haver medidas de racionalização de energia, mas, neste momento, no nosso cenário base, ainda não contemplamos um risco importante alto de racionamento para o ano que vem”.
Sobre o risco hidrológico (medido pelo GSF), Bertoncini disse que a previsão da companhia para o GSF de 2022, porém, é mais conservadora do que a estimativa oficial da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A entidade prevê GSF de 73% em 2021 e de 85% em 2022. “O que posso dizer é que, para 2022, estamos mais conservadores que a CCEE neste momento”.
Aquisições
Questionado sobre o processo de venda de participação da EDP Brasil nas hidrelétricas de Santo Antônio do Jari, Cachoeira Caldeirão e Mascarenhas, o executivo disse que são bons ativos, mas que a Cesp não está competindo pela aquisição deles neste momento. “Temos na Cesp uma matriz 100% hidrelétrica. Não descartamos o adendo de bons ativos hidrelétricos na carteira, mas eles precisam estar ajustados para o risco hidrológico”.
Resultado
A Cesp registrou prejuízo líquido de R$ 18,1 milhões no segundo trimestre deste ano, revertendo lucro de R$ 137,8 milhões observado em igual período de 2020.
Segundo a XP, em relatório assinado pelos analistas Victor Burke e Maíra Maldonado, o resultado refletiu principalmente as condições hídricas deterioradas ao longo do trimestre e o GSF mais baixo associado a custos mais altos de aquisição de energia.
Na mesma linha, o Credit Suisse, em análise assinada por Carolina Carneiro e Rafael Nagano, relatou que os resultados operacionais da Cesp vieram mais fracos que o esperado, especialmente devido ao aumento dos custos de aquisição de energia, apesar da redução de despesas com pessoal, materiais, serviços e outros (PMSO).